O Último Duelo | Épico de Ridley Scott traz uma história poderosa e impactante

Danilo de Oliveira
6 Min de Leitura
20th Century Studios/Reprodução

Ridley Scott é um diretor conhecido por inúmeros clássicos do cinema como Alien, Blade Runner e Gladiador. E esse ultimo não é seu único épico medieval, o diretor já é bem conhecido por outras obras do gênero como Cruzadas e Êxodo e aqui temos mais um exemplar a sua lista: O Ultimo Duelo, adaptação livro homônimo de Eric Jager, que retrata os eventos reais acontecidos durante a Guerra dos Cem Anos. Aqui o cineasta cria um conto épico que retrata os horrores físicos e psicológicos impostos sobre as mulheres desde aquela época.

A trama gira em torno de dois amigos: o cavaleiro Jean de Carrouges (Matt Damon) e o escudeiro Jacques Le Gris (Adam Driver), que por vários motivos são separados pela guerra. Apenas o primeiro é convocado para o conflito e, quando retorna, sua mulher (Jodie Comer) revela ter sido estuprada pelo outro.

O escudeiro, visando manter o legado do nome que construiu, nega a acusação. O personagem de Damon, então, apela para o rei da França, usando a posição como veterano de guerra para pedir autorização para um duelo até a morte – que entraria para a história como o último legalmente sancionado na Europa.

20th Century Studios/Divulgação

Apesar de haver o tal Ultimo Duelo do titulo e também haver grandes cenas de combate, engana-se que o longa será somente isso. Utilizando a disputa como pano de fundo, Scott se beneficia da montagem para traçar sua narrativa em três pontos de vista que se intercalam bem suas propostas e visões distintas dos personagens por seus olhares.

Temas como machismo, violência sexual e fanatismo religioso já foram vistos varias vezes no cinema. Mas aqui, tais discussões são propostas de maneira crua e extremamente devastadora. E esse é um dos primeiros grandes acertos de Scott, já que o diretor não tenta mimetizar o lugar de fala das mulheres. Ao lidar com o aspecto na ambientação medieval, o diretor não tem medo e exagera nos absurdos machistas e patriarcais que a personagem de Comer precisa ouvir e enfrentar. Ao declarar ter sido vítima de estupro, Marguerite é abandonada metaforicamente por todos ao redor, mas decide por enfrentar a situação com os escassos recursos que tem na época (e todos, infelizmente, com o aval do marido).

Vale destacar aqui que contracenado ao lado de três nomes gigantes e premiados da indústria, Jodie Cormer se agiganta de uma forma tamanha que praticamente toma o longa para si. Sua personagem é o coração e alma da trama. Quando é apresentada no longa, sua persona é serena, reservada e timidamente autoconfiante. Todavia, Marguerite ganha um arco progressivo, que é concluído com a revelação de uma mulher fascinante e destemida em níveis absurdos. Comer entrega com perfeição cada trajeto de sua personagem com uma segurança incrível. Com certeza um forte nome para a próxima temporada de premiações.

20th Century Studios/Divulgação

A atriz tem tanta imponência que quase engole seus companheiros de elenco, mas claro que eles também estão muito bem e esse brihantismo em seu elenco o outro ponto forte do longa. Matt Damon traz uma personalidade ardua e impulsiva para seu Jean de Carrouge e apesar de termos empatia por ele nos momentos de discurssão com De Gris é fato que seu personagem não é nem de longe uma figura sem defeitos. Adam Driver é outro monstro de atuação, mostrando dinamismo suficiente para cativar o público em tela mesmo sendo considerado o vilão da história desde o primeiro minuto de filme. Complementam o elenco Ben Affleck que faz um conde libertino e parece está se divertindo tamanho o jeito  cômico que o faz, mas que funciona em cena e em toda a trama da produção.

A parte técnica é outro ponto forte a destacar. Scott oferece outro banquete visual deslumbrante em O Último Duelo. O diretor não poupa esforços para chocar o público com cenas extremamente sanguinárias e gráficas. Mas claro, o artifício não soa apelativo. Ao contrário, ele ajuda a intensificar a atmosfera repulsiva de tempos antiquados. Design de produção e fotografia são sensacionais e fazem toda imersão ao periodo histórico um deleite.

20th Century Studios/Divulgação

O Ultimo Duelo é mais um trabalho magistral de Ridley Scott com épicos medievais. Uma história que traz uma mensagem poderosa e contemporânea sobre a falta de credibilidade que a sociedade ainda fornece às mulheres vítimas de abuso. O gosto amargo que a poderosa mensagem oferece ao público é envolto também de batalhas de espadas, duelos deslumbrantes, narrativa ágil e performances impressionantes de seus protagonistas.

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