O Telefone Preto | Scott Derrickson de volta as suas origens em um eficaz e tenso terror

Danilo de Oliveira
6 Min de Leitura
Universal Pictures/Reprodução

Diretor conhecido por obras como O Exorcismo de Emilly Rose e A Entidade, além de um subestimado Livra-nos do Mal, Scott Derrickson volta ao gênero que o consagrou após se aventurar no MCU com a primeira aventura do Mago Supremo.

O Telefone Preto é sua nova perola baseado em um conto escrito por Joe Hill, filho dos autores Stephen King e Tabitha King. Aqui o diretor se mostra a vontade para criar uma atmosfera interativa e assustadora para a audiência, além de conseguir logo nos primeiros minutos criar personagens interessantes e aprofundados que geram empatia com o telespectador. E esse é o segredo de um suspense bem sucedido: fazer com que nos importamos com os personagens e suas dores.

A trama se passa em 1978, quando uma série de sequestros estão acontecendo na cidade de Denver, nos Estados Unidos. Esses crimes estão ligados ao Sequestrador (Ethan Hawke), um serial killer que tem como alvo crianças do bairro. Sua última vítima é Finney Shaw (Mason Thames), um tímido e inteligente garoto de 13 anos, que é mantido refém por ele em um porão, onde há apenas uma cama e um misterioso telefone preto sem linha em uma das paredes. Quando o aparelho estranhamente toca, o garoto consegue ouvir a voz das vítimas anteriores do assassino, e elas tentam evitar que o Finney sofra o mesmo destino cruel.

Universal Pictures/Reprodução

Adaptando de forma eficaz e sem rodeios o conto de Hill, o roteiro escrito por Derrickson ao lado de C. Robert Cargill entrega um suspense eficaz e claustrofóbico. A trama é simples e o filme não tenta desviar do percurso, indo bem direto ao ponto. O longa é um suspense sobrenatural preocupado em criar medo pelo clima de tensão e claustrofobia crescente, aliado ao desenvolvimento de seus personagens. Isso fica evidente logo na primeira parte de O Telefone Preto, focada em apresentar os irmãos protagonistas Finney Shawe Gwen Shaw (Madeleine McGraw). O primeiro terço não tem pressa em construir a relação desses personagens e nos fazer criar a empatia necessária para nos importamos com eles quando a tensão começar.

Os traumas da infância são expostos por todos os lados, com os sequestros de crianças acontecendo na cidade, mas também com os problemas enfrentados na escola e dentro de casa. As situações enfrentadas pelos irmãos diariamente que juntos criam um vinculo afetivo tão forte que faz total sentido para a narrativa essa relação. Seguindo a essência de obras como Conta Comigo (1986)It – A Coisa (2017),(curiosamente obras do pai do escritor Joe Hill rsrsrs) o filme traça paralelo sobre experiências traumáticas e perda da inocência na infância, com a violência presente nas vidas deles mesmo antes da chegada do vilão de Ethan Hawke.

Derrickson aqui se utiliza muito do seu cinema autoral para construir seu longa como a estética e a tensão de A Entidade, assim como os jump scares milimetricamente arquitetados a lá Livra-nos do Mal, o diretor está no seu habitat e refina seus elementos com sabedoria.

Universal Pictures/Reprodução

Ethan Hawke está incrível e transmite uma áurea realmente maligna em seu vilão. Embora nunca saibamos muito sobre seu personagem, suas motivações ou até mesmo a forma como ele interage com outras pessoas, o que definitivamente temos é um vilão tenebroso, que assim como Michael Myers é quase uma figura maligna encarnada. Essa pouca informação, acaba se tornando ainda mais assustadora, já que não dá pra saber o que essa figura que pouco mostra o rosto sem sua macabra mascara (e alguns momentos partes dela) pode fazer, e Hawke é preciso nessa construção de tensão.

Mas claro que ele não é o único destaque do filme. Mason Thames Madeleine McGraw são escolhas certeiras para os papéis de Finney e Gwen Blake, respectivamente. A atuação da dupla é impressionante por causa do realismo que eles conseguem passar em cada cena e na emoção colocada nesta relação de irmandade.

Universal Pictures/Reprodução

O Telefone Preto apresenta uma história simples de terror sobrenatural com o embate entre o bem e o mal, que aposta mais na tensão e claustrofobia constante do que propriamente ser um terror assustador ou com reviravoltas mirabolantes. Uma obra que converte tensão em medo, mas que também consegue encapsular bem o talento de todos os envolvidos. Um perfeito exemplo de um bom cinema de terror bem executado e eficaz. Assista! Agora cuidado com os estranhos! Rsrsrs!

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