O que esperar do Diabo de Hell’s Kitchen para essa temporada?

Victor Fonseca
6 Min de Leitura

Um dos grandes acertos da Marvel com a Netflix é, sem dúvida, a série do Demolidor, que desde o início vem provando ser capaz de apresentar a história de um herói emocionalmente complexo sem desprezar a importância de mostrar a complexidade também dos personagens à sua volta.

Este ano, a série carrega uma grande responsabilidade nas costas, depois das críticas negativas a Defensores e do pouco sucesso das últimas temporadas de Jessica Jones, Luke Cage e Iron Fist- que apesar de ter evoluído bastante em relação à sua péssima primeira temporada, foi cancelada pelo serviço de streaming- Demolidor precisa fazer um bom ano para escapar da lista de cancelamentos da Netflix.

A fórmula para se manter bem inclui diversos elementos importantes, uma cuidadosa construção de personagens, a representação da dualidade de sentimentos do nosso herói, o uso da cidade como uma das protagonistas e, por último, porém não menos importante, um uso bem pensado da mitologia da série. Quando se trata de adaptações, principalmente de histórias em quadrinhos, ignorar ou fazer mau uso a mitologia construída pode ser um erro fatal.

Desde o início, Demolidor vem sendo representado a partir, principalmente, das histórias do personagem desenvolvidas pelo Frank Miller. Miller é um importante e renomado quadrinista que participou da escrita do personagem por anos, sendo responsável pelos seus principais arcos, alguns dos mais amados e esperados pelos fãs dos quadrinhos e da série.

Depois da apresentação do seu conflito com o Rei do crime, Wilson Fisk, do reencontro e morte de Elektra e do seu confronto com o Justiceiro, estamos todos super ansiosos e mal podemos esperar para conhecer a adaptação do seu principal e mais icônico inimigo dos quadrinhos, o Mercenário. O vilão mantém por anos uma relação doentia e obsessiva com o Demolidor, muitas vezes comparada à do Batman e Coringa.

São muitas as possibilidades dos rumos que a série poderá tomar, agora que teremos o Mercenário e o Rei do Crime juntos. Muitos fãs apostam na releitura de A Queda de Murdock (1985), um dos maiores arcos do Demolidor, onde vemos ele no fundo do poço e com sua identidade revelada (vendida) pela Karen Page, para que ela, viciada em heroína, pudesse consumir a droga. Se isso acontecer, pelo menos não teremos o Bazuca (morto na segunda temporada de Jessica Jones) e o Capitão América para estragar o fim de uma excelente narrativa, como nos quadrinhos.

O que poucos estão se lembrando é da possibilidade da combinação de dois arcos, tanto A Queda de Murdock quanto O Diabo da Guarda (1998-1999), de Kevin Smith e Joe Quesada. Os roteiristas da série ainda podem juntar o melhor dos dois mundos, e estabelecer a relação de obsessão do Mercenário, mesmo que, infelizmente, não tenhamos visto ele no momento icônico – dos quadrinhos- da morte de Elektra.

Nessa nova temporada, podemos, talvez, conhecer mais um pouco do passado misterioso de Page, dando abertura para a combinação dos dois arcos, na qual possui um papel fundamental. No Diabo da Guarda, o Mercenário repetiu o feito de matar o amor de Matt Murdock, dessa vez Karen Page. O ciclo da personagem se fecha e ela se redime pelos erros do passado. Quem sabe isso também possa ser o início do conflito entre o Mercenário e o Justiceiro, unindo ainda mais o universo das séries.

Através do trailer lançado pela Netflix, é possível especular que o Mercenário, contratado pelo Rei do Crime, assumirá a identidade do herói para destruir sua imagem publicamente, utilizando seu traje, que foi criado por Melvin Potter. Nos quadrinhos, Melvin se torna o Gladiador, um dos vilões que enfrenta o Demolidor. Na primeira temporada podemos ver pistas de seu personagem, pôsteres e partes de trajes de vilões em seu ateliê. O Mercenário é a grande promessa desse ano, um personagem que os fãs já ansiavam desde o início da série, mas, talvez ele não seja o único trunfo da temporada.

O certo é que teremos a possibilidade de ver o aprofundamento do conflito moral que tando assombra Matt Murdock, seus valores e suas condutas serão provados e o herói, em seu limite, poderá quebrar sua maior regra, talvez motivado pelo Wilson Fisk, que vem com sede de vingança, ou quem sabe pelo Mercenário e toda sua loucura. O que sabemos é que o crime sempre voltará para Nova York, mas por enquanto, em Hell’s Kitchen, o Diabo ainda mantém sua guarda.

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Estudante de Jornalismo, mas formado em medicina após 14 temporadas de Grey's Anatomy. Viciado em séries e amante do cinema.
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