Primeiro livro da trilogia Mares Sombrios, O Herdeiro de Colt nos introduz em sua história nos apresentando Evelyn Lawler, uma nobre do país de Colt que quer se ver livre das amarras do casamento e de tudo o mais que possa prender a jovem a uma vida que não a permita conhecer o mundo. Então conhecemos o temido capitão do navio pirata Nereu, Adam Blake, seus planos de saque, sua tripulação e começamos a entender sobre a vida em um navio pirata… E esse foi o primeiro ponto a me chamar atenção no livro.
A autora, Maria Gabriela Leitão, teve todo o cuidado de, ao decorrer de toda a história, explicar o funcionamento de um navio pirata, sua tripulação e a dinâmica hierárquica da mesma. A crueldade e a violência dos piratas também é explorada nos seus mais diferentes níveis. E o mesmo vale para os nobres da realeza.
O enredo da história de inicio parece simples: uma garota que “perde” o melhor amigo quando ele viaja para longe sem conseguir se despedir. Anos depois ela ainda espera que esse amigo volte, ao mesmo tempo em que tenta impedir que controlem sua vida. Então… Sequestros, torturas e saques. Lutas, espadas e canhões. Traições, planos diabólicos e vingança. Piratas e mais Piratas.
Mais e mais personagens vão aparecendo, pedindo toda sua concentração e foco para ligar pontos e compreender tudo que está acontecendo não apenas nas terras de Colt, mas também no mar cheio de navios. Praticamente todo e qualquer personagem que aparece na história tem páginas com a própria narração, fazendo com que os leitores percebam e entendam o propósito de todos na intricada trama. Além de atiçar nossa curiosidade e deixar várias aberturas para o que vai ser contado nos próximos livros.
A história também tem um leque enorme de personagens femininas extremamente fortes. Tanto fisicamente, quanto emocionalmente. Desde comandantes e imediatas de temidos navios piratas, até as simples empregadas e jovens nobres. Todas têm muito propósito e voz nos livros.
“O surpreendente é que alguém tão velho como você esteja falando essas coisas. Nós, mulheres, podemos fazer muitas outras coisas além de ficar em casa cozinhando para vocês.”
Porém nem tudo são flores no livro. Algumas das sequências de luta são muito rápidas – não todas –, e você fica pensando “mas já acabou?”. Além disso, todo o texto precisa de uma revisão nova. Na atual edição você encontra alguns erros que passaram despercebidos pela revisão feita até o momento. Essas falhas na revisão são quase nulas mais ou menos do meio até o final. O que é muito bom.
Outra coisa que me incomodou foi a explicação de um dos grandes mistérios do livro e que envolve o Adam. Ficou faltando algo, uma resolução mais concreta e clara de como tudo aconteceu. E o mesmo vale para o herdeiro de Colt, apesar do titulo passar a ideia de que a história é sobre o tal herdeiro, não é isso que acontece.
O texto de Maria Gabriela Leitão não é ruim – de forma alguma –, mas é evidente a melhora ao decorrer da história, ainda mais porque o livro não é dos pequenos. O que só me faz imaginar e ansiar pela publicação dos próximos volumes.
Porém esse não é o propósito dessa história, ele não vem como uma introdução para os livros seguintes, até mesmo porque a trilogia Mares Sombrios é antológica. Mesmo se passando no mesmo universo, os livros se fecham neles mesmos, e os próximos serão sobre os países vizinhos: Scooler e Feynin. Apesar de que exista a grande possibilidade de alguns personagens façam uma aparição nos livros seguintes.
O Herdeiro de Colt conta sua própria história e facilmente encanta quem estiver lendo, o típico livro que faz você esquecer do mundo enquanto lê, incentivando que você continue lendo para descobrir o que irá acontecer no parágrafo seguinte. E no próximo e no próximo. É um livro que, para mim, é uma real promessa da literatura jovem nacional.
E afinal… Quem não gosta de uma boa história com piratas?