Lançado em 2016, Esquadrão Suicida foi um desastroso projeto do universo DC nos cinemas. Apesar de trazer figuras marcantes como a Arlequina da Margot Robbie, o longa de David Ayer não agradou a base de fãs, muito menos o publico casual. O diretor por anos falou na interferência do estúdio no projeto (que de fato aconteceu) e assim como Snyder também desejou seu corte ganhasse uma chance, mas ao que parece tudo vai ficar em vão.
E isso vai ficar evidente depois do lançamento deste O Esquadrão Suicida, agora trazendo na cadeira James Gunn, famoso pelos longas dos Guardiões da Galáxia feito na Marvel Studios. Diferente de Ayer, Gunn adquire controle total de sua obra, e se utilizando disso realiza uma competente e insana aventura que faz jus ao estilo do diretor assim como a desajustada equipe de vilões. E digo mais: estamos testemunhando talvez o melhor projeto do universo DC desde seu inicio com Homem de Aço em 2013.
Apesar de trazer uma estrutura narrativa diferente e novos personagens, Gunn não desmerece os acontecimentos do longa de 2016, mostrando que os personagens de antes se conhecem do filme anterior. Desta vez a Força Tarefa X comandados por Amanda Waller (Viola Davis) precisam invadir Corto Maltese e destruir um experimento científico misterioso no país sulamericano.
Fazendo jus ao o que é Esquadrão Suicida, o diretor não tem pena em descartar boa parte da numerosa equipe nos primeiros 15 minutos de projeção. Sem cerimônia, o cineasta executa de inúmeras maneiras sem pudor seu elenco e se utilizando da classificação indicativa para maiores, os fazem ter mortes criativas e exageradas, dignas dos filmes de ação “brucutu” que dominaram a indústria nos anos 80. Alias ele consegue desenvolver seus personagens com a mesma facilidade que tem para descartá-los e aí que fica interessante. Porque mesmo sendo cenas terríveis de massacre, a direção as conduz como se fossem uma roleta russa que te instiga a ver e a torcer para que seu personagem favorito não morra na próxima cena.
Em termos narrativos não há nada de incrivelmente criativo no roteiro de O Esquadrão Suicida. Pegando elementos de clássicos filmes de guerra dos anos 60 e 70 como Os Doze Condenados, o roteiro é simples e funcional, o charme aqui está no estilo característico que Gunn dá aos seus projetos. Transpirando sua personalidade em cada frame do projeto o diretor se utiliza de todos os elementos clássicos de seus filmes de começo de carreira, como a violência gore, típica dos filmes de terror B, o humor politicamente incorreto, a tensão, a sexualidade e um uso caricato de cores que casa muito bem com a proposta dos filmes dos quadrinhos. Ainda vemos alguns lampejos vistos em Guardiões da Galáxia no estilo da interação de seus personagens disfuncionais, mas aqui tem algumas diferenças que foge do clichê “amigos-que-viram-família” que o filme de 2016 justamente fez.
Aqui apesar do numeroso elenco, como eu revelei acima, o filme se chama e faz valer seu titulo: Esquadrão Suicida! Aqui temos preferencias, alguns são alçados a protagonista, outros a coadjuvantes de luxo e alguns nem vão chegar vivos na primeira metade de projeção. Destaco pra mim o Sanguinário do Idris Elba que vai aos poucos se tornando num “líder” , o Tubarão-Rei, dublado por Sylvetre Stallone que se torna uma adição muito bem vinda pra o filme e não só um mero alivio cômico, mas pra mim quem rouba a cena é a Daniela Mechior como a Caça-Rato 2 que eu considero a bussola moral da equipe e o coração do longa. A atriz portuguesa é muito boa e cada momento dela em tela você deseja mais e mais dela. O John Cena no seu jeitão carismático da WWE tem uma interação brutalmente hilária com o personagem do Elba, a Arlequina da Robbie tem talvez suas melhores cenas no DCEU, sendo gratificante sua evolução e até o Rick Flag do Joel Kinnaman, está menos engessado e tendo uma personalidade mais natural. Falar da Viola Davis é chover no molhado, já que ela eleva qualquer projeto que esteja e aqui mais uma vez ela mostra quem manda.
As cenas de ação são caóticas, mas isso no bom sentido já que Gunn está no seu melhor, porque ele trabalha bem a ação eloquente juntamente com seus apuros visuais sem apelar para o uso excessivo de CGi ou encher de câmera lenta para soar épico, aqui a escala é bem proposta.
Talvez quem curta um filme de super-herói mais reflexivo e questionadores fiquem um pouco desapontados com o nível que o humor que a produção insere, mas Esquadrão Suicida é um filme que se permite de uma liberdade para tomar desvios da formula tradicional de longas do gênero, e seu humor por vezes grosseiro se encaixa perfeitamente com o tom da obra.
Pra finalizar, O Esquadrão Suicida de James Gunn traz uma experiência incrivelmente divertida, caótica(quantas vezes eu disse caótica nessa crítica viu rsrsrs!) repleta de violência, personalidade, ação, membros decepados, zero slow motion em mais um grande acerto da DC nos cinemas. Um novo horizonte para filmes verdadeiramente ousados e novos dentro do Universo da editora surge.
*Não saia antes dos de terminar os créditos porque existe duas cenas (uma antes de iniciar e outra depois de terminar)