Quando o Justiceiro foi lançado pela Marvel e Netflix em 2017, fui uma das primeiras pessoas que assistiu tudo em menos de dois dias. Me atrevo dizer que foi até menos de uma noite, mas o tempo não é a questão aqui tratada. A questão é que num mundo de injustiças, políticos corruptos que lideram governos falidos, é comum o sentimento de revolta e desgosto com a situação. E apesar de Justiceiro se tratar mais num aspecto de vingança, é inquestionável que a intenção final é fazer justiça com as próprias mãos.
Foi com um pensamento de Justiceiro que me pediram para ver o filme O Doutrinador, que se baseia numa HQ homônima criada por Luciano Cunha, e adaptada para os cinemas por Gabriel Wainer. E talvez tenha sido esse o meu grande erro.
O filme conta a história de um agente federal altamente treinado, Miguel (Kiko Pissolato), que consegue provas contra um governador que está roubando dinheiro da saúde pública e deixando os hospitais em um estado de caos, mas consegue sua libertação através de um sistema corrupto.
Após sua filha morrer devido uma bala perdida e falta de atendimento médico em um hospital público, Miguel começa uma jornada pessoal de vingança contra o governador, uma vez que ele foi o responsável de roubar a verba para saúde pública, e todos os políticos envolvidos. É neste momento que nasce o Doutrinador, um justiceiro que resolve fazer justiça com as próprias mãos exterminando políticos e donos de empreiteiras corruptos, mas que vive o mesmo tempo o dilema se é um mocinho ou um vilão.
Apesar do enredo ser uma versão “abrasileirada” de o Justiceiro, a história e os motivos que fazem Miguel à se tornar um justiceiro mascarado são bons e interessantes. Mas a produção deixa a desejar em alguns aspectos. Em alguns momentos vemos que a história corre rápido demais e deixa um ar de “faltou alguma coisa aqui”, como também ela se estende de maneira prolongada em algumas subtramas desnecessárias e acaba cansando um pouco o espectador.
Da mesma maneira que Batman tem seu “Robin”, o Doutrinador conta com a ajuda da jovem Nina, Tainá Medina, uma hacker que também foi vítima do sistema, e também possui um humor negro que gera boas risadas ao longo da trama.
O Doutrinador chega com uma nova aposta ao cinema nacional, defendendo que é possível realizar bons filmes aqui no Brasil: que possuem uma boa história, produção e atuação, apesar das pequenas falhas. O filme tem previsão de virar série em 2019.
Ps: Existe uma pequena cena entre os créditos revelando a série.