Necessidade de iniciar o Dark Universe atrapalha o desenvolvimento de A Múmia

Danilo de Oliveira
6 Min de Leitura

Depois que a Marvel provou em 2008 que seu universo compartilhado pode gerar enormes cifras, todos os estúdios se viram na obrigação de criar os seus. A DC/Warner com seus super heróis, a Fox com os X-Mens, a Paramount com Transformers, a Legendary com seu Monster Universe , faltava então a Universal que tem grandes franquias como Velozes e Furiosos e Jurassic Park começar o seu.Com uma ideia bem inusitada,ela ressurgi seus clássicos monstros com o ambicioso Dark Universe.

Depois da trilogia estrelada por Brendan Fraser, A Múmia retorna as telas com a missão de dar o pontapé inicial a esse projeto. A obra tem início nos contando a história da múmia em questão, a filha do faraó que fizera um pacto com Set, mas que acabara sendo mumificada viva e enterrada longe do Egito. Terminado tal conto, que funciona como prólogo da obra, partimos para o Iraque, onde encontramos Nick Morton (Tom Cruise), membro do exército americano que busca enriquecer por meio de relíquias encontradas ali na Mesopotâmia. O que não esperava, contudo, era descobrir uma antiga tumba contendo um ser milenar, que seria despertada em razão dos descuidos de Morton, ao lado da arqueóloga, Jenny (Annabelle Wallis). Juntos, eles, agora, precisam arranjar uma forma de impedir Ahmanet (Sofia Boutella), antes que seja tarde.

Existem duas formas de encarar a nova Múmia. Se você for esperando alguma coerência, desenvolvimento de personagens ou certa fidelidade ao material original, você irá se juntar ao grande grupo de detratores (cada vez maior), prontos para execrarem o filme. Porém, se você for com o estado de espírito com pouca expectativa, deixando qualquer senso de realismo, razão e simplesmente ligar o botão da diversão em seu cérebro, poderá sim encontrar um certo valor de entretenimento. Assim como os blockbusters Velozes e Furiosos, Triplo X e Transformers o novo A Múmia é chiclete para o cérebro. É cinema B, trash, escapismo, de centenas de milhões de dólares.

Primeiro grande problema desse nova versão é a grande pressão de estabelecer o universo que será mostrado em breve. Nenhum personagem ou trama é bem desenvolvido porque é preciso mostrar elementos demais para criar ligações que, por enquanto, são desnecessárias e só farão sentido conforme outros filmes forem lançados.  Dentro desses trechos “extras”, conhecemos o dr. Henry Jekyll, interpretado por Russell Crowe, que nos traz uma abordagem realmente assustadora e até interessante do personagem(envolvendo a dualidade entre o bem e o mal, e sobre a curiosa questão do mal ser “curável” ), mas que simplesmente destoam do restante da obra.

O personagem de Cruise, Nick, é o explorador genérico, canastrão, mas bondoso. Só que essa mudança deveria ser algo gradual e do jeito que foi mostrada fica difícil entender as motivações do personagem. Pior ainda é a personagem de Annabelle Wallis, que encarna o papel de mocinha em perigo incapaz de se defender ou de fazer qualquer coisa minimamente útil sem ajuda do seu “herói”, Tom Cruise. Esse tipo de clichê já deu e tão perto de Mulher-Maravilha isso fica ainda pior.

E a Múmia? Pois é fácil esquecer que esse é um filme dela e não de Tom Cruise, de tanto que é deixada de lado na história. A introdução da personagem é realmente boa, mas quando ela volta à vida toda a graça se perde.Embora a presença de Boutella(belíssima, mesmo na versão múmia)tenha um ar emponderante no filme, suas motivações são simplórias e seu pouco tempo em tela não ajuda seu personagem a desenvolver.

No mais, o novo A Múmia assume também de forma escancarada o perfil de aventura com elementos sobrenaturais, mais próxima aos filmes blockbusters que aportam nos cinemas todo ano, do que propriamente às suas origens no gênero terror – o que não é demérito algum, é bom ressaltar. Longe do perfil Indiana Jones personificado por Brendan Fraser, desta vez a opção é em ressaltar uma certa dubiedade nos personagens principais de forma a ressaltar o lado sombrio neles existente, algo trabalhado desde a primeira aparição de Tom Cruise.

Divertido pelo caráter imersivo de certas sequências e pela qualidade de seus aspectos técnicos, em especial efeitos especiais e maquiagem, A Múmia de certa forma tem seus maiores problemas graças ao peso nele imposto em ter que iniciar uma franquia tão grandiosa, que envolva personagens tão desconexos. A necessidade em criar uma teia que possa uní-los no futuro prejudica o presente, impossibilitando um melhor desenvolvimento nesta clássica história de origem. Ao menos, o filme cumpre seu papel de gerar curiosidade sobre os próximos filmes dessa, apesar dos muitos erros dessa primeira tentativa.

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