O americano adora fazer versões de obras de sucesso de outros países para sua língua, principalmente, quando falamos no terror.
Obras como Rec(2007) da Espanha e Martys(2008) da França ganharam versões “americanizadas” a mais nova produção a ganhar é o terror dinamarquês ” Não Fale o Mal” de 2022. O filme europeu se destacou no Festival de Sundance daquele ano com sua capacidade de chocar pelo não dito.
Dois anos depois, Hollywood com a Blumhouse, aposta em trazer uma releitura do longa, apostando em elementos mais característicos do terror americano, mas mantendo boa parte do Dinamarques e tendo na atuação intensa de James McAvoy sua força motriz.
A premissa é praticamente a mesma: o casal Ben (Scoot McNairy) e Louise (Mackenzie Davis) decide passar férias em um hotel na Itália com sua filha Agnes (Alix West Lefler) e acabam conhecendo a família britânica formada por Paddy (James McAvoy), Ciara (Aisling Francioni) e o garoto Ant (Dan Hough). A aproximação entre eles parece acontecer de forma natural, até que Paddy convida a família de Ben para passar um final de semana em sua casa no interior da Inglaterra.
Apesar de premissas e estruturas até que meio copia e cola, a versão americana tem suas diferenças e buscar mirar em públicos diferentes e o faz bem. O clima de inquetação e dialogos acidos conduzidos principalmente por Mackenzie Davis e James McAvoy são o ápice para deixar o publico agoniado na cadeira do cinema. Se no original tudo era mais colocado nas entrelinhas e aos poucos sendo mostrado ao publico, aqui as coisas são mais literais e por assim dizer mastigadas para o publico. Não é um problema, visto que como falei, a proposta aqui é mas voltada para um publico conhecer e apreciar a obra, e nisso é cumpre muito bem. Para o publico que não conhece o original, a experiência de assistir o longa aqui é extremamente válida, visto que o roteiro de James Watkins (que também dirige o longa) consegue construir um sentimento de tensão crescente ao longo do filme que na medida que as coisas vão acontecer e escalonar com os personagens e com essas duas famílias, o longa apenas ganha fôlego.
Apesar de certas extensões em algumas situações para prolongar a tensão, só façam gerar mais raiva do que isso, no geral a nova versão é eficaz em estruturar as coisas ali e gerar algo angustiante, não de atmosfera, mas na sensação de vai acontecer algo a qualquer momento. No terceiro ato, o filme sim vai em uma proposta bem diferente e talvez mais “americana” e abraça o gênero de slasher movie, para saciar a sede de sangue do espectador que gosta de violência.
O elenco inspirado e muito bem escalado, conta com ótimas atuações de Mackenzie Davis (Alguém Avisa?), Scoot McNairy (Monsters) e Aisling Franciosi (The Nightingale). Porém é inegável que James McAvoy (Fragmentado) é o grande destaque aqui, com uma atuação assustadoramente brilhante. O ator cria uma personalidade que usa da “autenticidade” para enganar e manipular as pessoas ao redor, sendo ela a força motriz para o longa até esconder suas falhas.
Pra finalizar, Não Fale o Mal, mostra que nem sempre é preciso ousar para fazer um bom remake, apenas fazer bem feito. Com uma premissa simples e uma tensão crescente, a nova versão irá atrair um publico já conhecido de obras da Blumhouse e com certeza irá agrada-los.