Não Confie em Ninguém | Charlie Donlea atinge o ápice de seu amadurecimento narrativo neste último livro.

Laís Andrade
3 Min de Leitura

Nos dois últimos livros (resenhados aqui no site), Charlie Donlea entregou narrativas repletas de suspense, puzzles, personagens reais e que nos arrastam para dentro de cenas tensas, cheias de questionamentos. Entramos na busca pelo assassino, nos compadecemos com falsos acusados e externamos nossos próprios julgamentos. Com isso, observando a trilogia de suspenses de Donlea lançada pela Faro Editorial, é notável o crescimento do autor, em termos de escrita, mostrando menores tentativas de direcionamento da história para aquilo que julgue ser mais interessante, engessando menos os personagens na trama.

Neste livro, somos apresentados à nebulosa história de Grace Sebold, acusada de assassinar o próprio noivo, Julian, Crist, durante um jantar romântico nas remotas montanhas de Sugar Beach, Santa Lúcia. No início do livro, vemos a essa confusa cena de um suposto assassinato que suscita dúvidas sobre quem é o culpado ou as razões de tal violência. O julgamento é rápido e, logo, Grace encontra-se encarcerada no presídio de Santa Lúcia, sem nenhuma perspectiva de soltura.

Dez anos se passaram e conhecemos a cineasta Sidney Ryan, que trabalha produzindo documentários investigativos. Ela recebe uma carta de Grace, apelando por seu auxílio na tentativa de revelar a injustiça que fora cometida e encontrar o verdadeiro culpado pelo homicídio. A narrativa segue mostrando-nos a recapitulação dos momentos de Grace e Julian por trás das lentes de filmagem de Sidney que, juntamente com uma equipe de câmeras, tenta reunir as pistas que expliquem o caso.

Donlea utilizou um recurso diferente dos flashbacks para apresentar o passado aos leitores, usando a própria produção do documentário, em um jogo de encaixar as peças dos fatos, para que possamos ligar os pontos e tirar nossas próprias conclusões juntamente com a Sidney. A história torna-se cada vez mais inquietante e nos vemos tomados pela ânsia de desvendar tudo. Repleto de suspense, personagens interessantes e uma leitura dinâmica, este livro mostra-se um ótimo companheiro para quem curte um bom thriller.

Com a popularidade do documentário, Grace acaba sendo solta. Mas a própria Sidney não acredita totalmente na inocência de Grace. Terá ela sido enganada? Sidney sente que existe muito mais por trás dessa história do que parece. Uma trama preenchida com temáticas como ciúmes, culpa, raiva, mentiras. Com tudo isso, a leitura torna-se viciante, instigante, sempre te fazendo querer dar um passo mais adiante. É impossível deixar de ler até que se tenha uma explicação mínima para o ocorrido. O final é surpreendente e a história se renova a todo instante.

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Estudante de Letras nas horas vagas. Apaixonada por livros. Marvel é melhor que DC.
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