O live-action de O Rei Leão foi um misto de emoções. O longa dirigido por Jon Favreau trouxe uma versão realista e impressionante da clássica animação da Disney, sendo quase frame a frame, mas que pecou por trazer isso tudo sem a mesma emoção da animação, sendo quase um documentário do National Geographic que uma adaptação do filme.
Com o anúncio de Mufasa, ficou a dúvida: será necessário contar mais uma história desse universo com esse formato? Por incrível que pareça, o longa acerta de forma surpreendente por trazer uma história que aparentemente não queríamos ou achávamos que já sabíamos, mas que muito bem conduzida e trazendo a magia Disney, mesmo com suas previsibilidades.
Na trama, quando Simba e Nala precisam se ausentar por um tempo, sua filha Kiara fica sob os cuidados de Timão, Pumba e Rafiki. Diante de uma tempestade que assusta a pequena leoa, o sábio personagem começa a contar a história de Mufasa que, mesmo sendo um leão sem sangue nobre, acabou se tornando o rei adorado da selva. Mas antes de alcançar esse status, ele era um jovem perdido da família que cruzou o caminho de Taka – destinado a se tornar, um dia, o vilão Scar.
Por sua vez, no passado, Taka é o príncipe de uma alcateia de leões, mas fica animado em ganhar um irmão adotivo em Mufasa. Só que o pai de Taka nunca aceitou Mufasa, que foi criado pela rainha, Eshe. Quando o ambicioso vilão Kiros ataca sua família, Mufasa e Taka partem para uma aventura por sobrevivência, em busca de uma terra melhor. E no meio do caminho encontram rostos conhecidos como Sarabi, Zazu e Rafiki.
O principal acerto aqui está no roteiro de Jeff Nathanson que não precisa se engessar em uma história já pré definida como foi o seu antecessor. A história lembra muito o escopo de Transformers: O Início, apresentando dois amigos, quase irmãos em uma jornada que farão tomar rumos bem distintos. Contudo o longa perde a oportunidade ao pouco explorar o personagem título em conjunto aos outro personagens como Taka e Sarabi. O longa perde a oportunidade de ser ainda mais ousado que seu antecessor por não expandir ou fazer-la de forma apressada esse elo.
Mesmo com essa previsibilidades e até situações que que já sabemos por ser um prelúdio, a história é simples e cativa, seja pelo visual mais uma vez impressionante, como com aquela magia que a Disney consegue trazer a suas histórias.
A direção de Barry Jenkins é outro grande acerto ao trazer mais sensibilidade e até expressividade aos personagens. Esse vislumbre do realizador coloca em sua história cativa e até consegue mascarar algumas de suas falhas por essa forma de conduzir.
Outro aspecto que traz vitalidade para Mufasa é a trilha sonora de Lin-Manuel Miranda. Sua escolha como o novo compositor da franquia é muito bem feita, já que em uma série que tem Elton John e Beyoncé na composição não é pra qualquer um. Porém, diferente de seus trabalhos em obras originais na Disney como Moana e Encanto, aqui temos melodias um pouco mais modestas – literalmente, elas ocupam apenas 16 minutos do filme com quase duas horas de duração.
“Milele” e I Always Wanted a Brother” tem imponência e pegada chiclete respectivamente. Já “Bye Bye” música do vilão tenta soar uma “Be Prepared” do original, mas a carisma e unidimensionalidade do Kiros prejudica tal.
Lembrando que vimos a versão dublada do filme e o longa traz boas vozes e adaptação das músicas em nosso idioma, sendo um prato cheio para as crianças e quem curte o trabalho da nossa dublagem.
Pra finalizar, Mufasa: O Rei Leão acerta ao entregar um bom entretenimento e uma história inédita sem as amarras dos live-action que a Disney vêm trazendo nos últimos anos. Pode não ser o filme mais criativo do mundo, mas ao menos tentar fazer algo a mais.