Mortal Kombat | Reboot traz fanservice, mas se “komplica” no roteiro

Danilo de Oliveira
6 Min de Leitura
Warner Bros./Reprodução

Adaptações de games sempre foram algo pra estar com pé atrás em Hollywood. São poucas produções que se encaixam e eu até já falei mais disso em minha analise sobre Wacraft.

É possível contar nas mãos as que deram certo e Mortal Kombat de 1995, apesar de não ser perfeita, carrega seu status de nostálgica, por transpor para as telonas o game ainda que sem sua sanguinolência famosa.

Com os sucessos de Sonic e Detetive Pikachu, Hollywood parece voltar novamente os olhos para os videogames e de fato querer apostar visto a quantidade de projetos a serem produzidos nos próximos anos. Se Warcraft ainda não foi o estopim, Mortal Kombat 2021 ao que parece ainda não será, mas traz o que deve e não ser feito para os games virarem a bola da vez nas telonas.

Warner Bros./Reprodução

A nova produção que adapta os games da conhecida franquia da NetherRealm joga por um caminho seguro que apesar de divertida em alguns momentos, entrega somente o feijão com arroz e não explora todo o potencial de seu universo, o que pode gerar uma divisão de opiniões, principalmente entre os fãs mais hardcore.

A trama acompanha Cole Young (Lewis Tan), um lutador de MMA que se envolve em intrigas de realidades paralelas ao ser caçado por Sub-Zero (Joe Taslim), assassino enviado pelo perverso Shang Tsung (Chin Han). Acontece que, há séculos, a humanidade disputa o controle da Terra com reinos paralelos em uma competição sangrenta chamada de Mortal Kombat. Com o reino da Exoterra prestes a ganhar seu décimo torneio consecutivo, o destino do planeta fica nas mãos do deus do trovão Raiden (Tadanobu Asano), que reúne Cole e outros lutadores escolhidos para defender a humanidade na disputa.

Pegando bem o conceito do universo das adaptações dos quadrinhos (principalmente o MCU) o roteiro do iniciante Greg Russo e de Dave Callaham (de Mulher-Maravilha 1984 e do inédito Shang-Chi e A Lenda dos 10 Anéis) decide simplificar bastante a compreensão sobre o universo da franquia para o publico mais leigo ainda que bem superficial, sem alienar o fã antigo que estará sempre mais situado com seus conceitos, já que há muito material base que está lá e a produção faz questão de mostrar isso com prazer.

Warner Bros./Reprodução

E falando em material base, o fanservice é o grande acerto aqui: Ao trazer rostos conhecidos da franquia com seus trajes e adereços idêntico as suas contrapartes dos jogos, juntamente com cenários, fatalities ( o maior destaque) e inúmeros east-eggs da franquia, adaptação faz nós fãs abrir um sorriso e ao menos mostra o carinho da produção por uma parcela da galera já calejada em executar os golpes na frente do fliperama.

O grave problema é que o roteiro ao tentar simplificar demais a experiência para os não jogadores, acaba não sabendo aproveitar o rico material que tem nas mãos e simplesmente entrega a história mais clichê possível. A jornada de auto descoberta do Cole, é genérica e juvenil ao extremo e isso reflete em um nulo desenvolvimento do protagonista e demais personagens que são relegados a alguns diálogos expositivos.

A direção do estreante Simon McQuoid é básica demais e sem a energia necessária para uma produção de artes marciais que é o que Mortal Kombat precisaria. Não me leve a mal, há boas cenas de ação e lutas bem coreografadas e violentas, mas que nas mãos de um diretor asiático (visto o elenco ter bastante atores que mandam bem) e uma edição mais apurada seria algo extraordinário de se ver. Fica a sugestão para uma possível continuação, Warner, traz o diretor de A Noite nos Persegue, da Netflix (se não viu assista).


O elenco nada de excepcional em termos de atuação. Todos estão funcionais de acordo com o que o roteiro lhe entrega, destaque claro para o Sub-Zero do Joe Taslim, que é uma ameaça constante e quase um exterminador do futuro e o Scorpion do Hiroyuki Sanada, que juntos trazem as cenas mais imponentes do longa.

Mortal Kombat 2021 não é exatamente o que os fãs dos games esperavam, mas ainda sim dá pra se tirar algo de entretenimento seja por seu elenco carismático, fatalities e a violência exagerada da franquia, o longa ainda tem em suas veias o material base dos jogos. Agora uma possível continuação vindo ao horizonte, que o estúdio traga uma equipe que queira explorar seu rico universo e dessa vez nos entregar uma historia melhor não apenas fanservice. Nós merecemos Warner!

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