Aviso Cinesia: contém spoilers!
Finalmente chegamos ao final da primeira trilogia de Mistborn. Com o fim do livro anterior – O Poço da Ascensão -, Vin abdica do poder do poço e acaba libertando Ruína, uma espécie de deus que pretende destruir a humanidade. Elend Venture, por sua vez, se torna um Nascido da Bruma, além de Imperador. O final do segundo livro não enganou ninguém: muitas coisas precisam ser resolvidas em O Herói das Eras e Brandon Sanderson, como sempre, nos entrega algo muito maior e melhor do estávamos esperando.
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O livro final da primeira trilogia começa com Elend tentando conquistar as cidades que ainda vivem com um governo independente para que juntos possam lutar contra o mal que se aproxima. Além de tudo, as brumas estão cada vez mais perigosas e acabando com as plantações. Existem depósitos de comida e água, assim como informações de como derrotar Ruína – deixadas pelo Senhor Soberano -, mas o problema é: como conseguir isso?
A única coisa fácil nos livros de Sanderson é continuar lendo, porque nenhuma trama ali se resolve facilmente e surpresas são mais do que esperadas. Uma dessas surpresas vem com a volta de um personagem sumido. Ele ressurge quando a história foca em Fantasma, que, trabalhando como espião em Urteau, tem grande importância nesse livro. Também há bastante foco no Sazed (aah Sazed, meu amado Sazed), que ainda sofre pela morte de Tindwyl e está em conflito com sua fé.
Existem muitas outras surpresas e focos diferentes dentro dessas 688 páginas, mas gostaria de chamar atenção para as novas descobertas que fazemos sobre o Senhor Soberano, que apesar de morto, permanece em nossos corações com maiores e menores ondas de ódio. Entendemos mais a fundo muitas de suas ações anteriores e com isso ganhamos uma visão totalmente nova do vilão.
Apesar de ser um livro longo, volto a repetir o que disse nas resenhas dos outros dois livros: não é uma leitura cansativa ou mesmo entediante. Sanderson se demora em passagens que são necessárias para o desenrolar da história e, na medida que esse desenrolar acontece, você se dá conta que existem pistas em todos os cantos de como será o final, então vai prestando cada vez mais atenção. No entanto, o final ainda te surpreende, como um bom livro que O Heróis das Eras é.
Uma coisa interessante – e bem no estilo das últimas temporadas da série Lost -, é que, enquanto nos dois primeiros livros as passagens antes de cada capítulo eram de textos que falavam do passado, em O Heróis das Eras, essas passagens falam claramente de um futuro após essa trilogia. Bem, bem no futuro. Nelas você encontra muitas informações que ajudam a entender a trama.
Tudo na história é muito bem arquitetado e o autor não desperdiça nada (nada mesmo) do que escreveu desde o início. É uma história fechada, sem pontas soltas, onde todas as explicações são devidamente explicadas e com bastante sentido (como o total oposto da série Lost). Apesar de todas essas explicações, muitos parágrafos ainda conseguem surpreender, e muito, os leitores.
É uma leitura simplesmente fantástica em muitos aspectos, indo muito além do fantástico de um livro de fantasia. O final, no entanto, ainda pode chocar muita gente, mas não se abalem muito, porque o futuro de Mistborn já existe e já está sendo publicado aqui no Brasil. Bem menor que a primeira trilogia, a Segunda Era de Mistborn se passa 300 anos após o final de O Herói das Eras e é uma quadrilogia, com um ar steampunk e industrial.