Milton Nascimento, um dos maiores artista da nossa música isso não é dúvida para ninguém! Bituca como foi carinhosamente chamado é um daqueles raros talentos que conseguem, com aparente simplicidade, tocar o cerne da alma humana com seu jeito e musicalidade.
Dirigido por Flavia Moraes e escrito em parceria com Marcélo Ferla, Milton Bituca Nascimento é um documentário que mergulha nas camadas profundas de um dos maiores nomes da música popular brasileira, um artista cuja voz e composições transcendem barreiras geográficas, temporais e culturais, além de não apenas celebrar a grandiosidade do ídolo, mas busca explorar a conexão espiritual e emocional que sua música estabeleceu com milhões de pessoas ao redor do mundo.
Apesar de estabelecer um estilo narrativo muito comum de diversos documentários, aqui a produção se beneficia por ter a simplicidade do artista para passear sobre seus trabalhos e enaltecer sua carreira como se fosse um bate papo entre amigos de bar que se reunem para brindar ou homenagear alguém.
A escolha entre brasileiros e estrangeiros, para depor sobre o impacto de sua obra, já indica o alcance universal de sua arte.
A narrativa do documentário se concentra nos dois anos de gravações que culminaram na última apresentação de Milton no estádio Mineirão, em Belo Horizonte, cidade que sempre foi um ponto central em sua vida e obra. A direção de Flávia consegue captar com emoção esse quase rito de passagem que é a despedida do artista, que mesmo com sua saúde debilitada, ainda tem uma energia e paixão no seu trabalho.
Cada música escolhida com precisão é um capítulo à parte, uma janela para um momento específico de sua carreira ou para uma emoção que ele soube traduzir como poucos. A decisão de utlizar as músicas do cantor não apenas como trilha, mas como um fio condutor para sua narrativa mostra todo o comprometimento e respeito que a produção tem pelo artista.
A narração de Fernanda Montenegro, com sua voz imponente e cheia de emoção, é um acerto magistral.
Apesar de uma abordagem não linear, avançando e retrocedendo no tempo de forma aparentemente desorganizada, Flávia Moraes entrega uma emocionante e singular documentário que enaltace e prestigia um dos maiores nomes da nossa música popular brasileira.
