“Mentes Sombrias” alcança os maiores desafios de ser jovem e estar condenado a lutar ou morrer

João Fagundes
5 Min de Leitura

Revivendo uma citação: “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”, não seria fácil viver com algo que é necessário esconder de todos. Originalmente lançado em 2012, “Mentes Sombrias” é o livro inicial da saga escrita por Alexandra Bracken, jovem autora com um futuro promissor no mercado literário, tendo em vista sua paixão por leitura e história. Sua distopia vai além do que muitos esperam desse lançamento da Editora Intrínseca, que é o “quando os X-Men se encontram no universo de Jogos Vorazes“, uma ligação comum para quem leu a sinopse. Acompanhe nossa precoce protagonista nessa narrativa em primeira pessoa e entenda que “as mentes mais sombrias tendem a se esconder dentro dos rostos mais improváveis”.

Ruby é uma jovem sobrevivente de uma minoria de adolescentes que nem sabem a razão do que os fazem ser tão diferenciados da grande maioria que morreu em virtude de uma epidemia, essa que dizimou 98% das crianças nos Estados Unidos. O governo lida com a situação como se fosse um tabu, além de sofrer uma crise financeira em grande escala, o que trouxe ao país mais insegurança e desemprego. Essas crianças são detentoras de grandes habilidades, mas são caçadas por organizações que desejam fazer experimentos com a desculpa de que serão “tratadas” em isolamento. Os pais se veem obrigados a respeitarem essa voz de comando, o que trará maior impotência dessa nova geração, abandonada pelos adultos.

Cena do filme que estréia em Agosto de 2018.

Em menos de 80 páginas será possível enxergar Ruby como ela realmente é. Não é fácil gostar de uma personagem omissa e sem atitude, mas ela passará por tanto em tão pouco que entenderemos o que é viver em sua pele, nessa atmosfera visceral. Os demais personagens logo chegam para trazer interações importantes para a trama. Suzume (ou Zu, como foi apelidada) é a mais jovem do grupo, e ainda assim consegue nosso carinho imediato. Liam e Bolota (Chubs no original) são a força ativa do time de adolescentes que tomam as rédeas de suas vidas, tornando a trama mais vívida e diferente dos inícios monótonos que estamos acostumados. Até mesmo o romance já é visto de modo sutil e condizente com o momento caótico.

Destaque para a Dra. Cate Begbie, que diante de todas as circunstâncias foi cuidadosa com seus passos e deu uma amostra da quantidade de mulheres em sua diversidade serão representadas no total de 382 páginas. A leitura é daquelas que lhe causa o desconforto quando necessário, e isso está claro desde o início. Além de uma escrita objetiva, a autora passa de maneira fluida seus temores aos olhos de Ruby. Tudo que vivenciamos aqui é plano de fundo para algo muito maior que virá nos volumes seguintes. Além dos maus-tratos e da banalização da violência, não é surpresa encontrar o preconceito e a desigualdade social. Muitas surpresas estão prontas para nos manter lendo essa franquia por mais alguns anos.

O lançamento recebeu atenção somente nesse ano, com a chegada da adaptação para o cinema, com um elenco divino. Pelo trailer, quem leu o livro pegará todas as informações que vieram desse livro, seja a classificação “verde” que Ruby ganhou no acampamento de Thurmond, um dos principais e o primeiro campo de reabilitação criado, onde as crianças eram “curadas” da NIAA (Neurodegeneração Idiopática Adolescente Aguda), ou a revelação dos poderes que até então eram desconhecidos. A ideia da autora se distancia do que julgamos ser um novo “Jogos Vorazes” em questão de distopia, ainda que seja igualmente conturbado, até aquele pensamento de estarmos condenados a lutar ou morrer.

Sem sombra de dúvidas, “Mentes Sombrias” está entre um dos melhores do gênero, pois o ritmo e a construção dos personagens é gradativamente pensada. Podemos ver que não é um mundo tão diferente do nosso, e por isso desejamos encontrar uma solução com cada personagem envolvido nesse holocausto norte americano. A conclusão é o que mais dói, pois é um livro que não queremos terminar.

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Mais um Otaku soteropolitano que faz cosplay no verão. Gamer nostálgico que respira música e que se sente parte do elenco das suas séries favoritas. Aprecia tanto a 7ª arte que faz questão de assistir um filme ruim até o fim. É um desenhista esforçado e um escritor frustrado por ser um leitor tão desnaturado. É graduando no curso de Direito e formado no de Computação Gráfica. “That’s all folks!"
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