Há décadas Hollywood já brinca com as IA rebeldes e bonecos assassinos. Apesar de não ser uma ideia nova M3GAN, encontra seu jeito de si inserir com um bom roteiro que apesar de inúmeras conveniências e clichês, sabe entregar bem sua proposta e agrada seu publico com uma nova e icônica vilã para rivalizar com Chucky, Anabelle e cia.
Quando a pequena Cady (Violet McGraw) sofre um acidente de carro que mata seus pais e fazem com que ela seja enviada para custódia da tia, Gemma (Allison Williams). Roboticista e designer em uma grande empresa de brinquedos, Gemma aceita receber a criança, embora não tenha o menor desejo de ser mãe, o que torna a relação entre elas atribulada.
Enquanto isso, no trabalho, ela está empenhada na criação de uma boneca equipada com um sistema de inteligência artificial ultra-avançada. O objeto é desenvolver o “brinquedo definitivo”, que sirva como a melhor companhia para qualquer criança, além de uma aliada para os pais. Batizada de M3GAN (“Model 3 Generative Android”), a boneca se conecta profundamente a seu dono, aprendendo rapidamente com as interações, identificando emoções e, mais importante, com a missão implacável de proteger o bem-estar da criança. Custe o que custar.
Com roteiro assinado por James Wan (Invocação do Mal) e Akela Cooper (American Horror Story, Maligno), M3GAN, bebe na fonte que já foi explorada por exemplo no recente remake de Brinquedo Assassino, que trabalha o Chucky como um boneco tecnológico, mas aqui sabiamente sabe utilizar as convenções sobre a temática das IA rebeldes a seu favor e sem pressa em se estruturar e fazer sua vilã ganhar carisma diante do publico.
Alias, por alguns momentos o longa parece até um episodio de Black Mirror, visto como a série já explora essa temática e como aqui o roteiro acido e por vezes bizarramente estupido dialoga sobre as consequências do uso da tecnologia não só como substituta de relações reais, mas como solução prática de entretenimento, o tal do “tempo de tela” para as crianças. Não é nada profundo ou complexo e por muitas vezes pouquíssimos momentos ou reviravoltas surpreendem, mas ainda sim é difícil não ficar envolvido com as personagens e com a proximidade do tema pelas “cutucadas” em nossa hipocrisia enquanto sociedade que usa a tecnologia como ferramenta para evitar ou postergar o que, de fato, é importante.
Claro que mesmo com a temática tecnológica, M3GAN é de fato um filme de terror. Depois do hype de seu primeiro trailer que alçou a vilã a ícone do Tik Tok, o estúdio deu uma amenizada na classificação para, claro atrair mais publico para o longa e isso é visível já que mesmo tendo mortes causadas pela boneca, M3GAN tem uma pegada mais branda no gore. Não é de todo ruim, mas apesar das boas doses de suspense que vão tomando forma durante o longa, o fator censura parece não permitir que a boneca explore todo seu potencial assassino. Por outro lado como eu disse a vilã ganha destaque no suspense a partir do que sua IA vai se desenvolvendo e criando ações assustadoras, que por momentos geram risos, mas apavora quando vemos as ramificações disso.
M3GAN atinge seu objetivo com louvor. É divertido, bizarro, por vezes estupido, mas sabe explorar tudo isso com uma eficiência satisfatória ao mesmo tempo traz bons temas para dialogar, mesmo que ainda bem superficial. Surge uma nova ícone pop do terror!