Lobisomem | Leigh Whannell mantêm sua pegada mais intima e moderna de revitalizar os monstros da Universal

Danilo de Oliveira
6 Min de Leitura
3.5 Muito Bom
Crítica - Lobisomem

Os monstros clássico da Universal permeiam o cinema de horror de Hollywood. Dracula, Frankstein, A Mumia e o Lobisomem volta e meia tem uma obra lançada nas telas isso não é novidade.

Depois de acertar na releitura de O Homem Invisível em 2020, o diretor e roteirista Leigh Whannel ganhou carta branca para revitalizar mais um filme de monstro do estúdio sobre os cuidados de Jason Blum e sua Blumhouse. A bola da vez é Lobisomem, longa que mantem a pegada que Whannel trouxe ao seu projeto anterior, trazendo um longa tenso que explorar uma história mais intima e focada em uma narrativa de partir o coração sobre o que pode acontecer quando alguém que você ama se torna algo irreconhecível.

A trama é centrada em Blake (Christopher Abbott), um homem marcado por traumas de uma infância conturbada que volta para a casa de sua família no interior de Oregon após a morte do pai. Realocando-se para a fazenda que pertencia ao falecido patriarca ao lado de sua esposa Charlotte (Julia Garner) e da filha Ginger (Matilda Firth), ele descobre que segredos de décadas atrás ainda se escondem pela densa e obscura floresta que cerca a fazenda – incluindo uma criatura mortal que estava na mira do pai três décadas atrás e que, ao que tudo indica, permanece viva e sedenta por sangue.

Universal Pictures/Reprodução

Após chegarem a Oregon, Blake e sua família cruzam caminho com esse monstro e, a princípio sem perceber, o nosso protagonista se fere pelas garras de um ser metade lobo e metade homem. À medida que tenta proteger Charlotte e Ginger, ele percebe que, na verdade, o ferimento o está transformando, gradativamente, em uma criatura similar – dando início e continuidade a um reino de terror e caos que pode colocar em xeque a vida de todos.

Se no clássico de Waggner a narrativa se concentrava na dualidade intrínseca ao ser humano — entre cordialidade e violência, e como essa luta interna cria um dos monstros mais tocantes da história do cinema — aqui a trama se orienta, de forma mais explícita, pela dinâmica geracional no contexto familiar.

Seguindo os passos de sua obra predecessora, Whannell traz à tona elementos do suspense para construir uma derradeira ambientação de angústia e medo, permitindo que a redonda narrativa transforme-se em um espetáculo visual. Em outras palavras, não espere uma carnificina desenfreada ou uma quantidade exagerada de sangue, porque essa não é a ideia por trás do projeto. A tensão e o terror psicológico ganha força aqui com alguns momentos de body horror.

Universal Pictures/Reprodução

Ao contrario de O Homem Invisível, aqui o diretor não busca evidenciar críticas sociais, mas focar na relação familiar e da luta com seus instintos animalescos para proteger seus entes queridos. Toda história tem uma estrutura mais simples, mas sendo eficiente em não estender além da conta para isso. Toda trama acontece em uma noite e aliada a uma fotografia e trabalho sonoro competente, Whannel acerta na sua revitalização.

Outro destaque está nos seu trabalho com efeitos práticos para dar uma experiência que remontam a obras dos anos 1980 e 1990, por exemplo – bem como às primeiras versões desse enredo bastante popular.

Se Whannell acerta em cheio em boa parte do que pretende fazer, o elenco tem espaço de sobra para brilhar com ótimas performances. Garner já nos encantar com sua versatilidade invejável em títulos como ‘Ozark’, aqui rende-se a uma potente interpretação. A jovem Firth emerge como um emblema para as precoces crianças de filmes de terror e deixando que suas cruas emoções tomem espaço. Porém, é Abbott quem domina as telas ao se transforma no monstro título, trabalhando muito bem as expressões animaliescas  – e carregando no olhar as mágoas de um passado não muito distante que humanizam uma das criaturas mais icônicas do cinema.

Universal Pictures/Reprodução

É obvio que o longa está isento de deslizes, principalmente no que se diz ao seu nucleo familiar, que mesmo sendo o alicerce, caem em alguns diálogos um tanto que clichês, contudo, claro que tais deslizes são ofuscados, em sua maioria, pelas engrenagens que de fato funcionam na estrutura da obra.

Pra finalizar, Lobisomem é mais um trunfo da habilidade de Whannel em revitalizar as obras clássicas do cinema de horror, além de mostra um norte para possíveis outras criaturas sejam feitas para o cinema moderno.

Crítica - Lobisomem
Muito Bom 3.5
Nota Cinesia 3.5 de 5
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