‘Limit’ desafia a inteligência do leitor e aborda o bullying de maneira surreal

João Fagundes
3 Min de Leitura

Em mais uma obra sobre bullying, a mangaká Keiko Suenobu eleva a qualidade e a importância do tema que recebe todo tipo de crítica, seja por parte dos pais ou dos próprios jovens. A também autora do volume único “Vitamin” (publicado pela JBC em 2016) consegue manter o peso da trama, que aqui é mais um suspense com elementos do gênero sobrevivência, uma surpresa pra quem pensava que seria um típico mangá shoujo que se passa numa escola.

Mizuki Konno é uma adolescente do ensino médio, e como tal tenta sobreviver ao secundário interferindo o mínimo possível nas situações em que presencia, mas preferindo apoiar as práticas de suas amigas, sendo porque uma delas é a mais popular da escola. Mesmo assim, Mizuki admira pessoas altruístas, e percebe que “o mundo não está perdido”, mostrando sua visão pesimista de que nem seus atos podem mudar a realidade do mundo.

Em um passeio escolar, tradicional em seu colégio, um acidente coloca a vida de todos em risco. Ser popular será o menos importante agora, pois os sobreviventes precisam se unir para se recuperarem dessa situação traumática. Num total de 5 garotas, incluindo nossa “protagonista”, um grupo aguarda salvamento, o que se torna uma corrida contra o tempo. Suas amizades serão testadas e levarão esse grupo por um caminho que os fará descobrir o seu limite.

Todos os personagens são bem fundamentados, por esse motivo considero que exista mais de um protagonista, ainda que o enfoque seja Mizuki e sua relação com cada um dos sobreviventes. Com muitas mudanças no percurso do enredo, a história consegue surpreender em cada um dos 6 volumes. É possível imaginar a adrenalina vivida por cada um, e sentir suas dores, pois cada um possui uma dificuldade, afinal, são seres humanos.

Com uma boa conclusão, vemos uma obra digna de coleção. Keiko sabe desenhar incrivelmente bem, e mostra um pouco dos passos da criação de um mangá no final de cada volume, em um deles ela até menciona os materiais que usa (lápis, caneta etc.), e outro desabafa que é difícil colocar no papel algo que você toca e sente. A autora como sempre mostrando um pouco de si em seus materiais. Admirável!

Pra quem assistiu o Dorama (novela/drama oriental)de 2013, esse ainda assim poderá surpreender, pois sempre existe a possibilidade de uma mudança para manter o público com novidades em ambos os materiais. Como de costume, o mangá foi lançado antes, em 2010 (mas aqui no Brasil apenas em 2015).

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Mais um Otaku soteropolitano que faz cosplay no verão. Gamer nostálgico que respira música e que se sente parte do elenco das suas séries favoritas. Aprecia tanto a 7ª arte que faz questão de assistir um filme ruim até o fim. É um desenhista esforçado e um escritor frustrado por ser um leitor tão desnaturado. É graduando no curso de Direito e formado no de Computação Gráfica. “That’s all folks!"
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