King’s Man: A Origem acerta na ação, mas derrapa em roteiro pouco inspirado

Danilo de Oliveira
6 Min de Leitura
20th Century Studios/Reprodução

A franquia Kingsman chegou como uma incógnita, mas surpreendeu com um primeiro filme cheio de ação de tirar o folego e homenageando e modernizando os longas de espionagem. O segundo na tentativa de ampliar os exageros acabou nem tendo o mesmo impacto.

Depois de inúmeros atrasos devido a pandemia o terceiro longa da franquia chega aos cinemas revisitando o passado em uma história prequel com King’s Man: A Origem.

Como o titulo nacional denuncia, a trama mostra as origens da agência de espiões, e foca na história de aristocratas britânicos liderados por Orlando, Duque de Oxford (Ralph Fiennes) e seu filho Conrad (Harris Dickinson). O Duque é um pacifista que, ao ver sua mulher sendo assassinada, promete a ela que o filho não crescerá num ambiente de guerra.

20th Century Studios/Reprodução

Por outro lado, Conrad sempre demonstra interesse em lutar por seu país, o que gera vários conflitos com o seu pai. Ambos são aconselhados e tratam como família os funcionários Shola (Djimon Hounsou) e Polly (Gemma Arterton). Juntos, o grupo é o mais próximo que temos como referência da Kingsman, que até este momento, é apenas uma alfaiataria.

Tudo à partir daí começa a mesclar a ficção com a realidade: o General Kitchener (Charles Dance), inspirado no Conde Kitchener, Secretário de Estado durante a Primeira Guerra Mundial – que mantém uma amizade com o Duque, onde ambos tentam assumir assuntos políticos importantes por baixo dos panos, e seu braço direito Morton (Matthew Goode). Além disso King’s Man: A Origem ainda traz uma gangue de “super-vilões” com figuras históricas conhecidas como Rasputin (Rhys Ifans), Erik Jan Hanussen (Daniel Brühl), Lenin (August Diehl) e Mata Hari (Valerie Pachner) – liderada por um homem misterioso (que só é revelado nos últimos minutos do filme).

O roteiro Matthew Vaughn e Karl Gajdusek tem altos e baixos. A ideia de levar a história para a Primeira Guerra é uma mudança de ares mais que bem-vinda, já que isso traz à produção um bem-vindo nível de maturidade por focar em um conflito pouco explorado pela ficção. Isso que fortalece o lado ficção histórica do roteiro, que adiciona personagens e eventos evitando ao máximo contradizer a história. O problema é que em muitos momentos o longa parece ser dois filmes em um, sendo indeciso se quer focar na ficção histórica ou na fundação da famosa Kingsman. O primeiro ato carrega um foco histórico cheio de discussões politicas bem lento no melhor estilo de séries britânicas, enquanto em seu segundo ato conta com mais ação, combate e investigação que vimos previamente nos filmes anteriores.

20th Century Studios/Reprodução

E não só isso, todo o potencial aberto em primeira instância é lentamente diluído pela produção que peca ao não definir um objetivo claro. É como se os realizadores não soubessem como estruturar o longa e resolvessem atirar para todo lado em busca de alguns acertos já partindo do princípio de que não conseguiriam atingir todos os objetivos.

Para não dizer que a derrapagem é alta Matthew Vaughn mostra porque é um dos diretores de ação mais celebrados de Hollywood na última década mostrando sensacionais coreografias de ação, tanto nos combates corpo a corpo como nos front da Primeira Guerra. A cena da luta dançante com Rasputin é um deleite de se ver!

O elenco ao menos os protagonista são outro ponto que se destaca. Ralph Fiennes confere ao seu Duque Oxford uma imponência e carisma quanto é falho. Além de brilhar ao conduzir a história, o ator é a força motriz para os seus companheiros de cena se destacarem, desde o filho Conrad (Harris Dickinson) até os aliados Polly (Gemma Arterton) e Shola (Djimon Hounsou). Já o front dos vilões não podemos dizer o mesmo já as figuras historicas são apenas alegorias usadas pelo roteiro de tão desperdiçadas que são. O Rasputin de Rhys Ifans apesar de também não ser tão bem utilizado, ao menos rouba seus momentos com sua carisma e estranheza.

20th Century Studios/Reprodução

King’s Man: A Origem é repleto de altos e baixos. Apesar da trama confusa, o longa tem boas cenas de ação que pode agradar aqueles que não estão preocupados no legado que a franquia carrega, do contrario é melhor se contentar com seu original ou esperar que o  próximo filme da franquia (o ultimo da trilogia com Taron Egerton) seja definitivamente o retorno dos dias de glorias da cineserie.

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