Jurassic Park é um marco do cinema! Lançado em 1993, o longa de Steven Spielberg com efeitos inovadores pra época definiu uma geração com um blockbuster de responsa. Em 2015, Jurassic World trouxe os dinossauros de volta as telonas bebendo bem da nostalgia do seu original e foi um sucesso fenomenal que abriu portas para uma nova trilogia se iniciar.
Agora em 2022, essa segunda trilogia jurássica chega ao fim com Jurassic World: Domínio, longa novamente dirigido por Colin Trevorrow (que dirigiu o primeiro Jurassic World) une o velho e o novo para nos despedir(ao menos por enquanto) da franquia.
Ambientado quatro anos após o antecessor, Domínio mostra um mundo em que humanos e dinossauros tentam conviver lado-a-lado. Com avanços tecnológicos nos olhos do grande público, logo surge uma conspiração quando uma gigante farmacêutica se torna suspeita de criar gafanhotos gigantes devoradores de plantações, capazes de alterar toda a produção alimentícia mundial.
Quem lidera a investigação dessa conspiração é a pesquisadora Ellie Sattler (Laura Dern), que reúne seu antigo grupo — o paleontólogo Alan Grant (Sam Neill) e o matemático/filósofo Ian Malcolm (Jeff Goldblum) — para visitar a base dessa grande companhia farmacêutica. Seus caminhos se cruzam com o comportamentalista animal Owen Grady (Chris Pratt), que se vê arrastado para a intriga quando sua filha — Maisie (Isabella Sermon), uma clone criada em laboratório — e a filhote de uma velociraptor geneticamente modificada são sequestradas.
O roteiro de Emily Carmichael e do próprio Trevorrow se utiliza de inúmeros núcleos para se movimentar, mas que no geral acaba parecendo um dinossauro correndo atrás do próprio rabo, visto como ele roda, roda e não chega a lugar nenhum. Todos os métodos de fazer inserções com os personagens acaba sendo feito com as conveniências mais obvias de roteiro. É quase uma ode aos anos 90, quando as aventuras não precisava se preocupar com as consequências escatológicas, mas aqui se torna uma bagunça desfreada com quase 2 horas e 30 minutos de duração.
Alias, tenho que dizer que eu achei que estava assistindo Missão Impossível misturado com Resident Evil e tendo dinos no processo, tamanho a história se usa das cenas de ação (bem frenéticas por sinal) com a trama de companhia biológica mal intencionada. Todo texto de coexistência e desequilíbrio ecológico que o roteiro parece querer explorar inicialmente é somente arranhado bem superficialmente para focar em uma trama frenética de busca e resgate, muito aquém do que a franquia já entregou.
Pra não dizer que eu estou esculhambando o filme, seu maior acerto está justamente em um pouco de sua nostalgia: O elenco original do longa de 1993. As melhores partes de Domínio são os momentos em que segue o trio original, simplesmente porque há química genuína entre eles. Além disso, a Ellie Sattler de Laura Dern transborda carisma, e o Alan Grant de Sam Neill parece não ter mudado com o tempo. E não é nem preciso citar o Ian Malcolm de Jeff Goldblum, um ator com maneirismos fascinantes que transcendem qualquer personagem e é sem duvida o que rouba os momentos do longa.
O protagonista do Chris Pratt é engolido pelos 3, assim como até pelos novos coadjuvantes vividos pelos excelentes Justice Smith (Detetive Pikachu), DeWanda Wise (Ela Quer Tudo), Mamoudou Athie (Arquivo 81), Omar Sy (Lupin), BD Wong (Mr. Robot) e Dichen Lachman (Rupture). A Claire de Bryce Dallas Howard apesar de algumas conveniências do roteiro se torna cada vez mais interessante como alguém disposta a sujar as mãos para proteger as criaturas.
O terceiro ato em que faz o encontro do velho com o novo, traz bastante semelhanças com o longa original e pra mim acabou trazendo uma boa lembrança afetiva e sendo pra mim o seu melhor momento. A aventura flui bem e ali vi Jurassic Park e não outra coisa que se transformou durante seu desenvolvimento.
A trilha composta pelo Michael Giacchino consegue evocar bem o primeiro filme da franquia, principalmente nos momentos finais. Os efeitos visuais que mesclam CGi e anatrômicos é muito boa que conferem um bom realismo, numa época em que os trabalhos digitais estão tendo resultados bem aquém.
Jurassic World: Domínio entrega uma despedida aquém da merecida por uma franquia tão importante como Jurassic Park. Vai divertir e agradar os fãs por aventura e que curtem dinossauros, mas longe de ser aquele blockbuster competente. Ao menos a série vai ter umas férias mais que merecida.