Comemorado no dia 23 de abril, o Dia de São Jorge, um dos maiores símbolos religiosos tanto no catolicismo quanto em religiões de matriz africana, ganha uma importante produção nacional para fazer essa homenagem.
Jorge da Capadócia, que estreia nesta quinta-feira 18 de abril, retrata as origens do soldado que enfrentou um império e manteve firme com sua religião e se tornou um santo por seus feitos. Totalmente filmado na Turquia (a Capadócia se situa lá) a produção dirigida e atuada por Alexandre Machafer levou 16 anos para chegar as telonas e traz um importante épico que irá agradar os fãs de filmes históricos, além dos devotos , além de ter a proeza de ser a primeira produção do mundo sobre o santo!
No século 3 depois de Cristo, o povo cristão começa a sofrer perseguição por conta do imperador romano Diocleciano (Roberto Bomtempo), que impõe que os súditos do Império Romano só podem cultuar e possuir objetos dos deuses romanos. Para colocar em prática suas leis, o imperador pede para que seus comandantes Jano (Adriano Garib) e Jorge (Alexandre Machafer) cumpram as novas imposições, invadindo as residências atrás de cristãos. Acontece que tanto Jano quanto Jorge são cristãos e se sentem divididos entre o dever militar e a sua crença particular.
Quando o conselheiro do imperador, Otávio (Ricardo Soares) entra na jogada para fazer valer a vontade do imperador, e a mãe de Jorge adoece profundamente, Jorge decide resistir aos desvarios do imperador e lutar pelo seu direito religioso, e pela vida de todos os cristãos. Mas, ao se recusar a seguir as ordens, Jorge se torna um alvo e passa também a ser perseguido pelo exército do imperador Diocleciano.
Jorge da Capadócia impressiona a primeira vista, por ser um épico nacional! Não vemos esse tipo de gênero no nosso cinema e quando vemos isso sendo bem realizado é de se aplaudir! Do seu design de produção, sua fotografia, figurinos e as referencias a clássicos do gênero como Gladiador e 300, tudo isso passa uma impressão de impacto a produção que se não fosse os atores e alguns aspectos facilmente poderia se passar por um filme americano ou europeu.
O roteiro de Matheus Souza (que recentemente dirigiu os filmes ‘Tá Escrito’ e ‘Anavitória’), segue uma estrutura semelhante a alguns épicos bíblicos (com um leve toque de Gladiador) e busca trazer uma história pouco conhecida do publico em uma época da qual se tem poucos registros e a adapta para suas quase duas horas de duração.
Se a estrutura do roteiro não é um problema, em seus diálogos moram seu calcanhar de aquiles. Muitos momentos soam robótico, com muitos clichês a lá novelas da Record para alguns de seus personagens e acaba desperdiçando seu elenco, principalmente suas figuras vilanescas, como é o caso de Roberto Bomtempo. Outra coisa que já é uma problemática do cinema nacional, está na sua falta de personagens tridimensionais, tudo é muito preto ou branco, o malvado faz maldade e o mocinho é o bom e isso acaba tornando esses personagens em algo genérico e poucos convincentes.
E claro que tem o dragão que foi derrotado por São Jorge, mas não da forma que a maioria das pessoas conhecem. A decisão do diretor e protagonista de transformar a mais famosa passagem da história de São Jorge como apenas uma metáfora para a luta que Jorge travava contra Diocleciano para defender sua fé seria bastante eficiente dentro da intimidada proposta, mas as cenas entre os dois só são usadas no último ato do longa, bem no final. O momento delas não é um problema, mas a ausência de uma construção mais eficiente para tal momento, tira o maior potencial disso. E há proposito, o dragão tem um bom CGi sim! Não é nenhum Game of Thrones, mas ele é bem feito!
Pra finalizar, Jorge da Capadócia mostra que o cinema nacional pode variar e entregar um épico de grandes proporções. Pra quem não conhece sobre a história de São Jorge e como ele se tornou o santo guerreiro que conhecemos está ai uma boa pedida para poder conferir a bela história de fé e determinação, além de um belo presente para iniciar as comemorações do santo guerreiro. Salve Jorge!