A primeira vez que li Jogos Vorazes, eu não tinha idade para entender o quão verdadeiramente cruel a Capital e os Jogos realmente são. A ideia de colocar 24 crianças e adolescentes em uma arena e assistir eles se matarem por diversão é horrível e revoltante. Porém, é real e é tudo que os cidadãos dos distritos de Panem conhecem, sendo submetidos a esse horror por quererem apenas a igualdade – quando paramos para pensar a essência do livro não é tão distante da nossa realidade.
Confesso que nessa releitura eu não me ative muito aos personagens da forma exata que foram apresentados, mas sim quanto as suas ações frente a tudo que lhes foi imposto pela Capital. Por isso destaco o Haymitch, o personagem pode ser rude, nojento, verdadeiramente odioso as vezes, mas é o único no Distrito 12 a compreender os Jogos e como eles nunca terminam de fato, mesmo após você escutar os trompetes que anunciam o vencedor.
Não que os outros personagens não sejam interessantes, a Katniss mesmo é um ótimo exemplo de protagonista. Forte, obstinada, ela é real, mas falta uma profundidade nela no início e essa profundidade só é adquirida na arena, onde vemos quais ações ela toma frente ao que a Capital e o próprio Peeta impuseram a ela. Katniss é um barril de pólvora pronto para ser usado, mas ela precisa de um guia e por isso que passei a olhar a relação dela com o Haymitch com outros olhos, afinal a animação em ver um barril de pólvora no meio da guerra só vai durar se alguém souber como usá-lo.
Jogos Vorazes é um livro extremamente político, uma leitura que desperta diversas emoções e faz o leitor realmente parar por um segundo e se questionar o quão perto estar de ser uma pessoa vazia da Capital ou uma pessoa injustiçada dos distritos.