A franquia Jogos Mortais está de volta! Conhecida por suas macabras armadilhas engenhosamente projetadas pelo vilão Jigsaw, e seu lema de valorizar a vida,a série de filmes se tornou um fenômeno e alavancou uma legião de fãs.
Conforme os filmes foram seguidos, a fórmula foi se desgastando como acontece com muitas franquia de terror e praticamente estagnou nas idéias. A tentativa de retorná-la com Jigsaw, apesar de interessante, não foi pra frente, e o spin-off Espiral com Chris Rock se fez tão decepcionante como alguns dos piores capítulos da série.
A verdade é que Jogos Mortais perdeu sua essência quando John Kramer veio a óbito no terceiro filme da franquia, e sendo assim a decisão dos produtores foi em como trazer o vilão interpretado por Tobin Bell de volta. Jogos Mortais X, foca em eventos que acontece entre o primeiro e segundo longa e traz um Kramer mais íntimo e pessoal para uma nova rodada de jogos.
A trama se passa após os eventos do primeiro filme, um fragilizado John Kramer doente e desesperado pela vida por causa de seu câncer terminal. Ele acaba viajando para o México após descobrir um tratamento experimental que pode curá-lo. Após descobrir que tudo não passava de um golpe, o vilão mostrará que diferente do Seu Madruga do Chaves, a vingança é plena e os colocará em uma nova rodada de seus jogos mortais.
Apesar da sua premissa trazer uma vingança bem invertida, já que o vilão da franquia é colocado como o herói aqui, Jogos Mortais X entrega de forma básica, o que a série de filmes já apresentou sempre: Jigsaw colocando pessoas de caráter duvidoso para lhe dá uma segunda chance enfrentando a vida e a morte nas armadilhas macabra.
O diferencial é que diferente dos demais filmes, o décimo explora um lado mais humano e íntimo do John. O primeiro ato apesar de nada muito profundo, o roteiro da dupla Josh Stolberg e Peter Goldfinger (responsáveis pelo enredo dos dois últimos filmes da franquia) explora esse lado no primeiro ato, mostrando Kramer desesperado e fragilizado por tentar inúmeras coisas, mas não há nada que possa ser feito. Como a esperança lhe surge ao descobrir do tratamento, o que o leva a ser quase que ingênuo quanto a tudo que está acontecendo. Esse início quase que nem parece um exemplar da franquia e causa uma certa estranheza no público.
A partir do segundo ato, o filme começa a adentrar no seu território conhecido, onde as armadilhas são trazidas, mas ainda sim juntamente com a volta de Amanda temos alguns debates sobre moralidade e os jogos novamente ganham o propósito que a franquia se perdeu durante inúmeros exemplares sobre o quanto sangue você daria pra sobreviver.
As armadilhas dão o toque clássico ao amantes do torture porn, trazendo gore, mutilações e muitos gritos na medida certa para os fãs. Os efeitos práticos estão ótimos em sua maioria e podemos ver em profusão como isso é demostrado na direção de Kevin Greutert (que dirigiu o 6 e 7, além de ser o montador da franquia) que consegue fazer um bom trabalho, adotando alguns estilos visuais já conhecidos na franquia.
O elenco claro temos como destaque a volta de Tobin Bell que usa sua experiência e elegância para construir um Kramer debilitado, porém muito sagaz e letal. Shawnee Smith retorna ao papel como se nunca tivesse deixado de viver a personagem. A sua instabilidade emocional é um elemento interessante na história e serve para justificar as suas atitudes em Jogos Mortais 3. Synnove Macody Lund(Ragnarok) é a melhor “vítima” que Jigsaw já fez em toda franquia, já que a questão moral debatida com John é o ponto do segundo e terceiro ato.
Pra finalizar, ao trazer Jigsaw novamente, Jogos Mortais X acerta e injeta sangue novo a uma franquia que parecia está no leito de morte. É sem dúvidas a melhor incursão da série desde de Jogos Mortais 3.
Obs: tem uma cena durante os créditos.
