A intenção desta coluna sempre foi falar sobre filmes/séries/coisas que – na minha visão pessoal – merecem uma olhada com mais atenção nesse mundo abarrotado de estímulos sociais e cheio de produtos audiovisuais interessantes. Mas dessa vez, ao invés de partir pra indicações mais “alternativas” e menos conhecidas, vamos falar de uma série que já foi exaustivamente recomendada e que você deve ao menos conhecer de nome: vamos falar de Família Soprano (ou simplesmente “Sopranos”, como é popularmente conhecida).
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E por que indicar essa série agora, se ela já foi tão comentada, elogiada e recomendada? Bom, Família Soprano completa 20 anos de lançamento agora em 2019 e isso significa que a galera mais nova não teve tanto contato assim com a série e muita gente realmente só conhece de nome, mas nunca viu mais que uma cena ou episódio. Além disso, aniversários geralmente são ótimos momentos para ter um primeiro contato com uma série, pois estimulam produção de material comemorativo, análises, textos, enfim, ainda mais conteúdo que contribui para construir um certo folclore ao redor das narrativas.
Sopranos é tida como uma das séries que revolucionou o mundo da televisão porque aproximou a narrativa seriada da narrativa cinematográfica, tanto em termos técnicos quanto em termos dramáticos. Durante as 6 temporadas da série, James Gandolfini deu vida ao protagonista, interpretando de forma brilhante o mafioso Tony Soprano (a série já valeria a pena só por essa atuação). Um dos grandes atrativos aqui é que o personagem é considerado o primeiro grande anti-herói da TV (seguido depois pelos inesquecíveis Walter White de Breaking Bad e Don Draper de Mad Men). Tony é um mafioso violento e inescrupuloso, mas tem crises de pânico e ansiedade que causam desmaios e fazem com que ele busque ajuda psicológica. Ao mesmo tempo é um pai de família preocupado com os filhos e um gângster cheio de amantes e negócios escusos.
E mesmo com um personagem que não tem nada de herói, correto e ético, Sopranos faz muito bem em não se render a uma jornada de redenção para o protagonista e para todos que o cercam. Ninguém tenta ser o que não é. E é por ter personagens tão bem construídos que Sopranos é uma série tão boa de assistir. A máfia, a família, as sessões de terapia de Tony, cada um desses núcleos capta diferentes nuances de um personagem ambíguo e complexo, sem deixar de se preocupar com as histórias dos personagens secundários, absolutamente memoráveis. Ficamos cada vez mais interessados em acompanhar o desenvolvimento dessas histórias de máfia, de violência, de negócios, mas também de família, de terapia, de existencialismo.
E além das qualidades já citadas e repetidas em blogs, sites, listas e afins, Sopranos tem mais um trunfo que faz com que a série ainda seja considerada por muitos como a melhor de todos os tempos (ou pelo menos uma das melhores): o final. Alguns acham uma das coisas mais geniais já feitas na TV, outros odeiam (faço parte do primeiro time), mas todos debatem até hoje o que aquela última cena significou para a série e para o audiovisual. Assiste lá e me fala o que achou. 😉