It: Capitulo 2 explora os traumas de infância pra encerrar a saga do Clube dos Perdedores

Danilo de Oliveira
6 Min de Leitura
Warner Bros./Divulgação

It: A Coisa lançado em 2017, foi um fenômeno de bilheteria como nunca visto recentemente no cinema de terror. Já falei varias vezes aqui que o terror nos últimos anos tem trazido nomes promissores pro gênero como Ari Astel de Hereditário, Robert Eggers de A Bruxa, James Wan entre outros. Andy Muschietti foi mais um que adentrou a essa lista. Conhecido por Mama, o diretor argentino trouxe aos cinemas um filme que equilibrava com perfeição o terror, a comédia, e o drama vivido por cada uma das crianças do Clube dos Perdedores no primeiro capitulo da adaptação do gigantesco livro de Stephen King (1104 paginas).

Dois anos depois,$700 milhões faturados pelo anterior (a maior bilheteria de um filme de terror da história) e um orçamento ainda mais generoso, Muschietti e sua equipe enfim trazem a conclusão da história que se passa 27 anos depois e nos mostra como esse grupo cresceu e lidou com seus traumas após a primeira batalha com Pennywise, e como precisarão novamente.

Warner Bros./Divulgação

O filme salta 27 anos depois e Pennywise (Bill Skargard) volta a atacar. Sabendo da volta do palhaço Mike (Isaiah Mustafa) o único do grupo que ficou na cidade de Derry, convoca os membros do Clube dos Perdedores pra reativar a promessa feita na infância e destruir de uma vez a criatura.

Bom, pra começar se você gostou da produção de 2017, você tem muito mais a explorar em It: Capitulo 2, já que estamos falando de um filme de 2 horas e 50 minutos!!!! Sim quase um Vingadores: Ultimato!!! Apesar da trama avançar bastante e muitos momentos serem necessário a longa duração, ainda sim ela excessiva além da conta, e eu vou explicar o porque mais abaixo.

O filme apesar de ser um terror e o próprio Pennywise estar mais violento, não necessariamente  ele seja assustador na forma mais branda de falar do gênero e sim em explorar os traumas que a batalha contra a criatura na infância causou pra cada membro do grupo, em destaque claro os personagens da Jessica Chastain, do James McAvoy e do Bill Hader(que rouba a cena a cada momento com uma atuação primorosa). O primeiro ato é focado na reunião do clube e suas respectivas vidas atuais. O segundo arco vai construindo membro a membro seus traumas e como cada um vive suas vidas em um estado constante de fuga, mostrando boas pautas sobre abusos e preconceitos dentre outros. Isso feito através dos flashbacks (que traz de volta o elenco mirim) traz um maior engajamento do publico pra essas questões e monta a imagem dos protagonistas, mas por focar mais em 3 dos protagonistas, alguns elementos acabam não soando eficiente, principalmente em um filme de grande duração e alguns momentos mostra a falta de pulso do diretor e sua equipe em enxugar o filme pra mostrar uma construção ainda mais eficiente. Outro ponto a comentar é que apesar do filme ter bastante tempo pra abordar seus protagonista, a relação em torno do modus operanti pra deter a criatura são rápidas demais. Eu até entendo que eles não adentram muitos nos conceitos cósmicos da obra de King, mas a maneira como vai sendo colocada acaba quase virando algo episódico, que unido a duração grande, quase que dilui a sensação de urgência no combate ao adversário. Felizmente o elenco está bem engajado e se faz uma ótima escolha, seja na semelhança com suas contrapartes jovens, seja no talento de cada.

Warner Bros./Divulgação

Mantendo a estrutura que fez sucesso no anterior Muschietti e o roteirista Gary Dauberman, sabem fazer um bom uso do generoso orçamento pra fazer os elementos de terror fluírem pra entreter o publico. O diretor sabe usar as ferramentas no momento certo e até os jumpscares tem em sua maioria um bom uso. Aqui, o balanço entre o horror e o humor até surge mais desequilibrado, com instantes que beiram o tipo de paródia autorreferente  e diluem a imersão, mas o drama ganha maiores nuances à medida que ocorrem mais e mais “conversas de gente grande” nesta etapa amadurecida da trama. O CGi tem mais uso dessa vez e se mostra bem competente e necessário na maioria do tempo. A fotografia consegue criar um clima imersivo ao longa.

Warner Bros./Divulgação

Por falar dos traumas e dramas, até o Pennywise se encaixa nessa estrutura. Apesar de mais violento em vários segmentos da trama,o personagem continua sendo de uma ótima complexidade, seja graças as facetas de seu intérprete, seja sua própria mistura de agressão e fragilidade. Sim, apesar de ser uma criatura sobrenatural, ela também possui inseguranças e isso o torna uma figura humanizada equivalente os jovens e adultos que ela atormenta.

No geral apesar de não ser tão consistente como seu anterior em unir vários segmentos sem perder a eficiência, It: Capitulo 2 é um projeto ousado e até diferente do gênero do qual faz parte. Trazendo um clímax emocional e ambicioso, o filme concluir bem a adaptação de um dos livros mais emblemáticos de Stephen King

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