Muitos estavam esperando esse filme com um enorme pé atrás: Que Peter jovem! O próximo vai ser com ele bebê? Cadê Tio Ben? Largaram o Espetacular para fazer isso? O único e verdadeiro Homem-Aranha é o Tobey!… Nossa fé nos filmes da Marvel estava sendo testada (e o pôster mal photoshopado nos fez sofrer), ao mesmo tempo em que a DC nos mostrava que, mesmo com ataques suicidas, estava sim maravilhosamente viva. Contudo, a verdade é… O novo aranha é muito bom!
Sendo mais um galho da árvore Os Vingadores e uma sequência direta de Capitão América Guerra Civil, Homem-Aranha: De Volta ao Lar é um filme divertido sobre o inicio heroico de um futuro super herói. Dosando bem as partes de humor, drama e ação, ele não exagera no tema o garoto que quer ser o “futuro Vingador” – apesar desse ser o maior desejo de Peter – e nem apela demais para a presença constante dos outros heróis. A história na verdade não interfere muito no contexto geral dos Vingadores em si, é uma história que tem começo, meio e fim (e uma abençoada sequência, amém!).
A HQ do Homem-Aranha é a mais popular do Stan Lee, assim como é uma das que tem o maior número de vilões. Nesse filme fomos apresentados a uma nova – melhorada e atualizada – versão do supervilão Adrian Toomes, o Abutre (Michael Keaton) que rouba tecnologia alienígena (dos ataques de Loki e cia) para construir armas e vende-las. É um Tony Stark classe média do mercado informal. Ele não é o único, apenas o principal vilão do filme, já que captando algumas referências encontramos também o Shocker (Bokeem Woodbine), o Montana (Logan Marshall-Green), o Consertador (Michael Chernus), o Gatuno (Donald Glover) e o Escorpião (Michael Mando).
A dinâmica Aranha VS. Abutre é tratada com certa leveza, usando muito da clássica identidade secreta e total desconhecimento da população. Poucos sabem do Homem-Aranha e praticamente ninguém sabe da existência do Abutre, fazendo com que a derrota do mal aqui signifique controlar o vilão antes que ele faça algo realmente ruim.
Outro plot é o Peter tentando provar para Tony que ele pode ser um membro real dos Vingadores, mesmo que Stark não ache que o jovem esteja preparado. E é aqui que a trama falha um pouco se analisada friamente. A ideia é por Peter contra a parede: assim como Tobey e Andrew tinham as pessoas que amavam de um lado e o Homem-Aranha do outro, Tom tem a sua juventude de um lado e as teias do outro. Porém as cenas dele na escola e com os amigos, apesar de não deixarem a desejar, não parecem ser suficientes para nos convencer que ele esteja preso nesse conflito, apesar dessa ser a intenção.
A atmosfera romântica criada COM CERTEZA não contribui, mas isso talvez seja por causa de Liz (Laura Harrier) que não nos convence nada e nada – é a Iris Allen da série Flash toda outra vez. Então temos a Michelle (Zendaya), provável próximo par romântico de Peter e que é aquela personagem que pouco aparece, que tem as melhores falas e que… É a Juno (sim, a Juno do filme Juno). Ela aparecer pouco é um trunfo, porque se aparecesse mais mudaria fácil de personagem que você adora, para uma personagem que você apenas quer que as cenas acabem logo.
O filme também conta com Ned (Jacob Batalon), melhor amigo de Peter e seu “cara da cadeira”; o agente Happy Hogan (Jon Favreau), a babá que Tony deixa para supervisionar Peter; Tia May (Marisa Tomei) espetacular como sempre;Tony Stark (Robert Downey Jr.) aparece apenas o suficiente e é um mentor que só ele poderia ser e, claro, Tom Holland muito bom em seu papel de Peter Parker.
Homem-Aranha: De Volta ao Lar entra naquele velho grupo do “cumpre o que propõe”, e, acima de tudo, vem com um novo Peter Parker. Ele não é o Peter de Tobey McGuire, nem o Peter de Andrew Garfield, mas sim o Peter de Tom Holland. Ainda que tenha as já conhecidas características e dilemas do velho Parker, o filme consegue nos apresentar um novo (bem novo) cabeça de teia. E ele deixa muito pouco a desejar se comparado aos outros.
O filme tem duas cenas pós-credito, e sim, esperem a segunda cena que vêm lá depois de todos os créditos. Vocês não irão se arrepender, é uma das melhores cenas pós-crédito que a Marvel concebeu desde que inventaram nos torturar com isso.