Hellboy criado em 1993 por Mike Mignola, é um personagem com um background fantástico. Utilizando eventos históricos(Segunda Guerra Mundial) com fantasia, seu criador confeccionou a historia de um demônio bebe que surgiu em um ritual de magia negra realizada por um mago necromante ligado aos nazistas para trazer o apocalipse na Terra, o plano foi parado graças as forças aliadas que juntamente com o professor Trevor Bruttenholm encontrou a criatura e o criou como seu filho o dando o nome de Hellboy.
Em 2004, Guilhermo Del Toro, recém saído do segundo longa do caçador de vampiros Blade,adaptou para as telas o personagem que interpretado por Ron Perlman foi um ótimo filme de quadrinho com uma estética dark fantasiosa que só Del Toro sabe trazer as suas obras. Apesar de não fazer um imenso sucesso de bilheteria, o longa ganhou uma continuação ainda mais inspirada na fantasia com O Exercito Dourado, que também não obteve grande bilheteria, mas foi bem com a crítica e seus fãs.
Apos tretas entre o criador do personagem e Del Toro sobre a realização do terceiro longa, eis que com os direitos em mãos Mignola decidiu realizar um reboot de sua obra juntamente com a Lionsgate e o diretor Neil Marshall. Se baseando em três arco das histórias em quadrinhos (“Darkness Calls”, “The Wild Hunt” e “The Storm”) Hellboy 2019, pode até beber mais da fonte das HQs do personagem demoníaco, mas é uma tragédia infernal em termos de produção.
A trama não gasta (tanto) tempo reapresentando a origem do personagem titular, que foi invocado pelos nazistas à Terra para trazer o Apocalipse, mas acabou transformado em força do bem pelo Professor Broom (Ian McShane). Já crescido e com a forma monstruosa de David Harbour, Hellboy se alia ao agente Daimio (Daniel Dae Kum) e a vidente Alice (Sasha Lane) para tentar impedir a vinda da maléfica Rainha de Sangue (Milla Jovovich), uma feiticeira que pretende destruir o planeta com uma praga mortífera.
O filme tem um prólogo inspirado, e o tom é consistente e condizente com o personagem se comprometendo até o fim com o excesso de gore, os palavrões, a violência e uma descompromissão narrativa bem generalizada. O problema é que isso tem que fazer sentido orgânico no roteiro, o que o caso não transparece, sendo algo jogado simplesmente por achar que é legal e pronto.
Apesar de beber bastante dos arcos que mencionei antes, fica evidente que isso compromete bastante a fluidez da narrativa, já que muita informação é colocada de qualquer maneira. Tudo é explorado de forma bagunçada, o ritmo parece um carro sem freio de tão atropelado que ele é. Embora com alguns momentos bons, a historia não sabe ser bem explorada, sendo jogada pro publico e seguindo em frente com total desleixo.A edição ajuda a tragédia ser ainda maior, cheia de cortes que não fazem sentido algum e interfere em alguns momentos no efeito dramático ou cômico de uma cena(se você reclama que a Marvel Studios faz as vezes isso em cenas, esse aqui ganha um premio). É tantos problemas de estrutura que eu faria uma crítica ainda maior detalhando isso, mas por paciência a todos vamos em frente.
O CGi é outro problema, com varias cenas onde a tela verde é visível, com problema de textura em varias criaturas, até o sangue em alguns momentos, o que comprova que computação excessiva atrapalha mais que ajuda em muitos dos casos(principalmente no terceiro ato), e olha que os efeitos práticos como a maquiagem do filme é boa e eles não exploram.Os visuais das criaturas vindo das hqs e alguns easter eggs no filme, podem até trazer um sorriso aos espectadores mais fanáticos mas fica só aqui mesmo. Tudo que é bom aqui ou dura pouco ou é descartado sem explicação.
O David Harbour é carismático e tenta dá peso ao seu Hellboy e se adequar ao tom do filme, mas o roteiro não ajuda e não traz nada de novo ao que já foi apresentado antes.O Ian Mcshane, é um ator que gosto por sempre trazer classe, um certo glamour aos seus personagens, mas aqui parece que estava trabalhando no automático, com um desleixo visível ao seu Professor Bloom, além de não haver nenhuma química com o Harbour em cena. A Sasha Lane e o Daniel Dae Kum estão apenas funcionais pra trama, nem atrapalha e nem engrandecem. A Milla Jovovich tem que está com raiva das críticas porque a personagem dela é uma das piores coisas do filme, sendo usando frases de efeito ou com expressões faciais deprimentes, sério, a Nimune foi muito desperdiçada na adaptação.
Hellboy 2019, é uma daquelas ideias que no começo soa interessante, mas que quando executada, Meu Deus, melhor ter deixado nas mãos do Del Toro e ter feito o terceiro filme que com certeza teria saído coisa muito melhor. O vermelho não merecia isso.