‘HAL’ é um shoujo futurista sensível e sem enrolações

João Fagundes
5 Min de Leitura

Como se sentiria ao perder sua cara metade? O romance futurístico da mangaká Umi Ayase tem a resposta para algo que não pensamos quando estamos felizes. A Panini Comics e a sua linha editorial Planet Manga estão investindo nos mangás “one-shot” (volume único), já que os preços não incentivam a compra de coleções com muitos volumes. O shoujo possui todo o carisma necessário para te fazer sorrir e ao mesmo tempo te encher de lágrimas em apenas 226 páginas. Qual o segredo para seguir em frente? É possível substituir alguém?

O jovem casal Kurumi e Hal tinham uma vida completa e cheia de sonhos pela frente, mas tudo muda com a triste notícia que Hal não sobreviveu em um acidente de avião. A jovem Kurumi enfrenta uma depressão que lhe isola do mundo e de tudo que já gostou, querendo até mesmo desistir de viver. Na cidade de Kyoto do futuro, os humanos e robôs humanoides vivem em harmonia e, para que Kurumi encontre a felicidade, seu avô recorre a tecnologia de um robô com capacidade de se transformar no jovem recém-falecido, o gentil Q-01. O androide deseja ajudá-la mais do que tudo, afinal, é da sua programação, mas ele não tem as memórias do verdadeiro Hal, o que dificulta a aproximação dos dois.

Pra quem conhece seu parceiro, de imediato Kurumi recusa a ideia de conviver com o “Hal Robô“, mas o esforçado Q-01 não deixa de conquistar seu carinho. Uma das coisas que nos remete ao futuro, é uma espécie de “câmera” capaz de dizer o preço de tudo que existe, ou seja, mais do que os produtos do shopping e mercado, você pode saber quanto custa o chapéu de alguém e assim por diante.Aos poucos Hal entenderá que nem tudo tem preço, e são essas coisas que podem ter um valor muito maior do que se possa calcular. Com outras palavras, a lição retirada é “a felicidade não se compra”. Ainda que se passe no futuro, temos a impressão de que não é algo muito distante de hoje, e as referências aos filmes “A.I. Inteligência Artificial“(2001) e “O Homem Bicentenário“(1999), pois tratar do luto continua sendo a mesma dificuldade, não importa a época.

Cena do filme de 2013, dirigido por Ryōtarō Makihara.

A história tem um ritmo acelerado e linear, mas quando necessário é mais pausado para dar ênfase as frases de efeito. Por se tratar de um romance trágico, não perderemos a oportunidade de mergulhar na melancolia dos personagens e suas lembranças, já que infelizmente nem tudo pode ser revivido, mas aqui existe uma lição maravilhosa sobre como transformar a dor em algo produtivo e que ajuda outras pessoas que enfrentam problemas iguais ou maiores. Para dar mais ainda um ar contemporâneo, a moda parece ter sido “congelada” e nas ruas da Kyoto que conhecemos poderemos achar maid cafés e muito mais. As reviravoltas estão guardadas para o final, como sempre.

As ilustrações são tão delicadas que nos admira como tratam de assuntos tão sérios. A primeira publicação desse mangá foi em 2013, onde anteriormente era exibido o filme em animação, com o mesmo nome. Entretanto, o mangá veio depois como forma de atrair mais fãs para a obra. Pouco foi alterado entre os dois conteúdos, sendo cada um independente e com o mesmo intuito. Afinal, qual a melhor forma de superar a dor da perda? Não existe resposta certa ou errada… cada um de nós terá de descobrir da pior forma. A edição nacional tem como miolo o papel offset e as famigeradas capas internas coloridas, além de acompanhar um marca página da história.

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Mais um Otaku soteropolitano que faz cosplay no verão. Gamer nostálgico que respira música e que se sente parte do elenco das suas séries favoritas. Aprecia tanto a 7ª arte que faz questão de assistir um filme ruim até o fim. É um desenhista esforçado e um escritor frustrado por ser um leitor tão desnaturado. É graduando no curso de Direito e formado no de Computação Gráfica. “That’s all folks!"
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