Godzilla | Remake do Rei dos Monstros dá o pontapé inicial no Monsterverso

Danilo de Oliveira
5 Min de Leitura

O Rei dos Monstros está de volta! Enraizado na cultura pop,sendo uma figura conhecida em todos os cantos do globo Godzilla (ou “Gojira”, no original japonês)ganha uma nova reimaginação da franquia nas mãos do  cineasta Gareth Edwards que tenta prestar homenagens às várias visões dadas ao personagem no decorrer dos anos, não só na persona da criatura exibida em cena, como também no próprio desenrolar da narrativa.

O roteiro, escrito por Max Borenstein mostra a existência de monstros como um segredo encoberto pelos militares e por uma corporação misteriosa chamada Monarch, em um eficiente clima de conspiração que sustenta o terço inicial do filme.

Quinze anos após a morte de sua esposa (Juliette Binoche) durante um ataque acobertado, um perturbado cientista chamado Joe Brody (Bryan Cranston) chega perto demais da verdade e, enquanto os ataques começam a se espalhar pelo mundo, o filho afastado do cientista, o tenente Ford (Aaron Taylor-Johnson), acaba no meio do caos e destruição, tentando desesperadamente voltar para sua esposa (Elizabeth Olsen).

Para começo de detalhes  vemos que Edwards e Borenstein tentam aliar os chavões de filmes-catástrofe com os dos longas de kaiju japoneses, jogando claramente para a plateia com os elementos deste último. O problema é que não há uma mescla perfeita entre esses ingredientes, o que acaba inchando um pouco a produção, especialmente com o excesso de personagens que surgem durante a projeção, que são ou pouco desenvolvidos ou abandonados repentinamente, sendo isso especialmente os papeis femininos, com Elizabeth Olsen e Sally Hawkins que são desperdiçadas em tela.

Quando Bryan Cranston, o homem comum que se torna obcecado pela tragédia, é deixado de lado, seu lugar como provedor de diálogos científicos é tomado por Ken Watanabe, que vive o cientista-chefe da Monarch. Nisso, as cenas humanas acabam centradas em Aaron Taylor-Johnson, que não se mostra carismático suficiente quando comparado com Cranston, Watanabe ou Godzilla, o verdadeiro astro do projeto.

Enquanto as sequências de ação estreladas por Johnson e os  demais  caem nos clichês, aquelas que têm foco nos monstros sempre chamam a atenção pela criatividade, o que acaba frustrando ainda mais o público com a insistência dos realizadores em voltar suas atenções a Ford, que deveria ter assumido um papel coadjuvante na narrativa após a introdução de Godzilla, mas acaba participando de algumas cenas que poderiam facilmente ser omitidas sem criar prejuízo com a identificação da audiência com o humano.

Não há erro nenhum em demorar quase uma hora para aparecer o bichano. O escorregão está em não entregar para ele, deste ponto em diante, o cargo de protagonista da fita, especialmente considerando o rumo que a história toma. Os cortes de alguns dos confrontos entre as criaturas durante o segundo ato acabam irritando ao invés de gerarem expectativa para a clímax da fita.

Já no terceiro ato o filme é incrivelmente insano e empolgante e nos mostra o porque de Godzilla ser o rei . Mesmo com a movimentação pesada do monstro remetendo aos movimentos dos filmes antigos ,ele se mostra ameaçador e selvagem, executando seus golpes clássicos enquanto ataca seus inimigos igualmente monstruosos e gigantescos.

O visual do monstro é perfeito, na medida que o mantém reconhecível para os fãs antigos sem deixar de impressionar os não iniciados. Os efeitos especiais são de primeiríssima linha, embora as cenas escuras de uma história que se passa essencialmente a noite comprometam ainda mais um 3D quase inexistente.

No geral o amor do diretor pelo Rei dos Monstros se mostra claro no final do filme, mas ele devia ter feito com que este transparecesse durante todos os minutos da obra.

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