Baseado na HQ homônima de Fabien Nury e Thierry Robin, A Morte de Stalin ao primeiro momento parece ser um desses filmes politico que surge por ai. Mas é nesse ponto se somos surpreendidos por uma comédia hilária e e bastante fiel aos fatos mais conhecidos.
Dirigido por Armando Iannucci, criador da série Veep, e especialista no quesito humor, conduz a obra de forma icônica.Ele sempre mostra temas pesados (como execuções solicitadas por Stalin) com piadas de gosto agridoce, que fazem o público se questionar se realmente deveria estar rindo daquilo.
O filme mostra em detalhes fies o que acontece nos bastidores da União Soviética imediatamente após a morte de Josef Stalin, em 5 de março de 1953. Após a descoberta do corpo, o comitê de Stalin se reúne e começa a discutir como será o futuro do país depois daquilo. Mas enquanto são feitos os preparativos para um grande funeral, Beria (Simon Russell Beale), Malenkov (Jeffrey Tambor), Nikita (Steve Buscemi) e Molotov (Michael Palin) estão preocupados realmente com quem vai “assumir” o lugar de Stalin e o que cada um deles pode ganhar com aquilo: de poder, à libertação de presos políticos do antigo comandante, entre outras coisas.
O motor principal da narrativa se encontra nos diálogos entre o vice de Stalin, o chefe do governo secreto, o diretor das forças armadas, os ministros e outras figuras que cercavam o líder soviético. Os nomes reais se mantêm, assim como uma quantidade surpreendente de detalhes, que vão desde o cadáver de Stalin numa poça de urina até a morte da equipe de hóquei num acidente de avião. Ianucci não reinventa a História, apenas interpreta-a de modo corrosivo, com diálogos intermitentes: a cada ordem para executar um opositor, os personagens discorrem sobre a descarga do banheiro, a cada plano para assumirem o governo, brincam com o espartilho usado por um deles. Estes elementos passam a conviver num mesmo universo,com um ritmo febril, equilibrado por um humor sofisticado, que jamais apela para clichês fáceis.
A evolução de todos os personagens é feita de forma excepcional, e todos os atores dos filmes ganham destaque, mas chamo a atenção de dois: Simon Russell Beale, que interpreta Lavrentiy Beria e Steve Buscemi que faz Nikita Khrushchov, ambos estão incríveis em cena, ainda mais quando juntos, as motivações dos dois personagens são gananciosas e opostas o que gera um conflito maior ainda entre os membros.
A Morte de Stalin é uma sátira política da melhor qualidade. Um filme para quem aprecia a originalidade crítica em tempos de entretenimentos capengas.