Comédias românticas em sua maioria tem uma forma de bolo pronta que costuma dá certo quando a química dos seus protagonista se encaixa bem. Hollywood utilizou isso muito bom principalmente recentemente no sucesso Todos Menos Você e o cinema nacional também já fez isso e volta a fazer de forma que unir dois gênero em um aqui.
Evidências do Amor, é uma comédia romântica com um pé na ficção cientifica que sabe utilizar das conveniências para entregar uma experiência de impressionar e cativar.
Pegando emprestado uma das mais icônicas musicas da dupla Chitãozinho e Xororó, “Evidências” (que foi composta por José Augusto como revela o personagem de Porchat no inicio do longa rsrsrs) o filme entrar na vibe de trazer clássicos da música brasileira para a dramaturgia, algo não muito novo. Nos últimos anos, adaptações de faixas do Renato Russo foram lançadas nos cinemas, como Somos Tão Jovens, Eduardo e Mônica e Faroeste Caboclo. Aqui, o conceito muda, deixando a canção como ponto de partida (e permanência) da história entre um casal que viveu um romance intenso, mas não se trata de uma adaptação.
O longa conta a historia de dois amantes que se conhecem em um karaokê cantando a clássica canção “Evidências”, desfrutando de um amor aparentemente eterno. Todavia, o que é bom dura pouco e, sem mais nem menos, o casal rompe – e Marco Antônio (Porchat) começa a ser atormentado pela música supracitada, mas não do jeito que esperamos: toda vez que ele a ouve, é transportado para uma memória ruim que compartilha com a ex, Laura(Sandy), talvez como forma de punição, talvez para entender alguma coisa que não compreende.
O diretor Pedro Antônio, que também assina o roteiro juntamente com Luanna Guimarães e Álvaro Campos, se utiliza da estrutura de muitas comédias românticas e fundem elementos de viagem no tempo de diferentes obras como Questão de Tempo e Te Amarei Para Sempre, ainda que de formas diferentes, já que ele é um mero espectador para a memoria.
Essa abordagem tem ótimas aplicações para o longa: dá ao protagonista a chance de aprender com os seus erros sem poder mudar o passado. Com isso uma das primeiras temáticas é apresentada: autorreconhecimento. Ao vivenciar esses momentos Marco, pode reconhecer seus erros e refletir sobre o que deu errado, que meio que semelha 500 Dias com Ela, mas de forma um tanto diferente.
Outro ponto a destacar é a comédia. Todas as cenas entre Fábio Porchat e Evelyn Castro tem um ótimo timing, fruto dos anos de amizade e parceria no Porta dos Fundos, é claro. Espontâneos como nos quadro de esquetes do Youtube, a relação entre eles é fluida, auxiliada por um roteiro que parece reconhecer as qualidades da dupla.
Sandy por sua vez carrega mais a parte dramática (ainda que Porchat é muito bem aqui também) a atriz e cantora tem um pouco de dificuldade em entrar em sintonia com os demais, contudo ela dispõe de carisma em passagens voltadas à construção do romance (as cenas da dança na cozinha e da mímica em frente à lareira são uma graça!) e sua química com seu parceiro de cena é muito cativante!
São vários os elementos que se sobressaem no projeto e que nos surpreendem pelo modo como são tratados. Temos a fotografia certeira de Pedro Faestein e a montagem convincente de Zaga Marteletto, ambos unindo forças em prol de um propósito em comum: a ideia é não deixar se levar pela costumeira edição frenética de títulos do gênero, e sim focar na parte humana da história e de que forma navegamos pela dor da perda e pela frustração da solidão compulsória.
Apesar de caminhar para as conveniências e previsibilidades em seu terceiro ato, o filme ainda consegue subverter com algumas referencias a cultura pop e uma musica bem popular brasileira(deixo a vocês descobrirem!) que fazem o sorriso de muitos como eu aqui.
Pra finalizar, Evidências do Amor utiliza a musica e ficção de forma cativante e divertida pra falar sobre aceitação e a importação de valorizar as pessoas que você ama, afinal é preciso amar demais ou amar melhor?