Em capítulo final, “Dança da Escuridão” tem menos terror, mas ganha profundidade no enredo

João Fagundes
5 Min de Leitura

Pobre Benjamin Francis Simons, ou o que ainda resta dele. Ninguém passará ileso da escuridão, e ela te testará mais uma vez. “Dança da Escuridão” é o novo lançamento do autor Marcus Barcelos (seu segundo livro) e é a esperada continuação de “Horror na Colina de Darrington“, livro de 2016. Mais um lançamento da Faro Editorial e uma boa leitura para nossa estante literária, que com certeza merece um livro nacional de terror. Com quase o dobro de páginas de seu primeiro volume, “Dança da Escuridão” dará fim as desventuras diabólicas que Ben encontra em seu caminho.

Onze anos após a sua condenação, retornamos para o corpo do protagonista, atormentado com os fantasmas que foram criados naquela casa que um dia foi um lar de lembranças melhores. A mídia o vê como “O Monstro da Colina”, e nem ele está preparado para se olhar no espelho após tanta dor. O livro se preocupa com os leitores que não lembram dos detalhes principais da trama, e em forma de manchetes e cartas teremos mais certeza de que o que virá também não será tão agradável para o, agora não tão jovem, Benny. É verdade que o terror mais cru se manteve no primeiro volume, e que esse precisou procurar por novos caminhos para selar a história (já complexa) que conhecemos em Darrington, tendo aqui mais suspense e um clima investigativo.

Vemos na escrita enérgica de Marcus uma forma autêntica de trazer calafrios com o clima de cada capítulo. Seus personagens estão mais aprofundados, tanto os novos quanto os velhos, e como de costume teremos de acompanhá-los até o “Inferno” para entender mais da ceita que se alastrou por todos os cantos do mundo. Por termos Ben Simons como apoio (inclusive em sua narrativa em primeira pessoa), fica complicado confiar inteiramente nele, já que suas perdas geraram muitos conflitos internos que serão abordados em boa oportunidade.

Destaque para Jacob, um dos personagens recém-chegados que se alia a Ben para ajudá-lo a se livrar do poder da organização. Ainda que tenha pouca idade, possui muita inteligência e uma habilidade útil e até mesmo invejável por nós, meros mortais. Afinal, o nosso herói precisa de mais ajuda depois de descobrir trazer em si algo que coloca sua credibilidade em jogo? Nem todo mundo é santo nesse capítulo final da história. Aproveito para elogiar as ilustrações que retratam bem as sequências em cada capítulo, algo padrão das duas edições.

É animador falar sobre a conclusão de uma saga que se resolve, e por sorte não precisou se alongar mais. Se algum acontecimento improvável for trazer boas notícias, acho que “Dança da Escuridão” possui mais felicidade guardada em suas últimas páginas. Conspirações, suspense, vingança, ocultismo e tudo o mais que fez “Darrington” chegar as nossas mãos. Se a repercussão do primeiro logrou êxito com quase dois milhões de leituras no Whattpad e hoje tem a participação da Faro Editorial, não é segredo que essa parceria vai continuar para novos lançamentos.

Ainda que conte com referências claras a Stephen King e outras obras-primas do terror estrangeiro, não vemos uma obra final comercial, já que existe um esforço em responder e até mesmo esclarecer o que não fazia sentido num primeiro contato. Essa força de vontade do autor o fez vencer suas inseguranças quando em 2017 o livro era pra ser lançado e ele preferiu rever seus escritos, e ele mesmo diz que era melhor ele esfriar a cabeça e “contar a porra da história”.

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Mais um Otaku soteropolitano que faz cosplay no verão. Gamer nostálgico que respira música e que se sente parte do elenco das suas séries favoritas. Aprecia tanto a 7ª arte que faz questão de assistir um filme ruim até o fim. É um desenhista esforçado e um escritor frustrado por ser um leitor tão desnaturado. É graduando no curso de Direito e formado no de Computação Gráfica. “That’s all folks!"
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