Hollywood voltou a moda das cinebiografias de grandes figuras da musica. Bohemian Rhapasody apesar de eu achar com certa falta de coragem de abordar sobre o Queen, acertou nas bilheterias e foi um sucesso. Rocketman, retratou muito bem a figura de Elton John, e agora o Rei do Rock está novamente as telas com um longa pra contar sua historia.
Conhecido por trabalhos como Moulin Rouge, O Grande Gasby e também a série da Netflix The Get Down, Baz Luhrman traz a sua biografia de Elvis Aaron Presley, a ascensão, estrelato e queda do ícone do rock pela ótica do seu enigmático empresário, Tom Parker.
O filme aborda a vida e a música de Elvis Presley (Austin Butler) sob o prisma da sua tumultuada relação com seu empresário enigmático, o coronel Tom Parker (Tom Hanks). A história mergulha na complexa dinâmica entre Presley e Parker, que se estendeu por mais de 20 anos, desde a ascensão de Presley à fama até seu estrelato sem precedentes, tendo como pano de fundo a evolução da paisagem cultural e a perda da inocência na América. No centro dessa jornada está uma das pessoas mais importantes e influentes na vida de Elvis, Priscilla Presley.
Aqui o diretor acerta logo na largada, ao escolher um viés original e instigante para contar esta história: Pela ótica do “vilão” interpretado por Tom Hanks, vemos um novo jeito que conta a ascensão, auge, queda e retomada de uma grande figura da musica. Aqui através de uma montagem insana e bem casada que simula videoclipes com as inserções e maneirismos extravagantes do Elvis, vemos como Parker descobriu e se apossou do talento do jovem e o transformou numa das maiores estrelas do show bussiness, ainda que de formas bem controversas.
Mesmo com a longa duração, a história sempre flui de uma forma energetica, trazendo em muitos momentos recortes da época e pulando para próxima, quase que sendo um resumo de 20 anos da história de Elvis. Pode se tornar um ponto negativo se você espera mais envolvimento com essas passagens, mas a boa montagem nunca é um problema e junto com certas escolhas cênicas do diretor casam e deixa o filme gostoso de ver e sua 2 horas e 40 minutos passem sem ser tão sentida.
Falando em escolhas cênicas, em um primeiro momento o diretor não nos mostra o rosto do Elvis até sua primeira apresentação, dando um mistério em seus closes de costa ou de perfil, como fosse a mesma reação do seu narrador o descobrindo. Junte isso a reação das mulheres ao vê-lo, com a câmera cortando freneticamente para cada rosto e reação e isso só reforça como Luzhrman conduz bem a vontade sua obra.
Outro ponto importante é mostra com respeito o quanto a cultura negra influenciou no estilo do Elvis, além como trazer diálogos e personagens importante como BB. King, principalmente pela década de 50 onde a segregação racial era forte nos EUA.
Tom Hanks entrega um “vilão” bem caricato, mas necessário para condução da trama. A relação com o Elvis do Butler apesar de sempre se manter na superfície da complexidade, se mostra boa para o roteiro se propõe. Já Aston Butler se transforma na figura do Elvis. Sua fisicalidade, voz e trajetos são incrivelmente iguais ao cantor. Em muitos momentos você se acha vendo uma apresentação de Elvis Presley, tamanho a semelhança do ator e como ele incorpora no papel.
A fotografia é outro destaque do filme, em algumas cenas feitas por câmeras de mão, a produção consegue recriar alguns planos típicos da época e exagera no uso de planos médios e nos closes nas expressões de Butler e expressão das atrizes que interpretam as fãs do cantor. A maquiagem, cabelo, roupas nos transportam para os anos 60, 70 e 80, ficando nítida a preocupação com a caracterização e com os cenários.
A trilha sonora conta com diversos sucessos do cantor e com outras músicas que podem surpreender o espectador. O destaque é que elas se fazem perfeitas para os momentos da trama e não somente uma coletânea de sucessos que vão sendo tocadas durante o filme.
Elvis nos traz o homem, a lenda do rock por uma ótica até posso dizer diferente, mas lúdica e energética de Baz Luhrmann a uma das maiores figuras da historia da musica de todos os tempos. Além de uma baita revelação para Austin Butler!