Melancólico e nostálgico, El Camino: A Breaking Bad Movie estreou nesta última sexta-feira (11/10), na Netflix. O filme veio com a promessa de suprir o desejo dos fãs da série por uma continuação, algo que matasse a saudade e trouxesse um desfecho maior para a história de Jesse Pinkman (Aaron Paul).
Depois de cinco temporadas da aclamada série ficcional, a história do professor de química que passou a produzir drogas com seu ex-aluno, para bancar seu tratamento contra um câncer, conquistou uma legião de fãs pelo mundo. Após seu fim, em 2013, Breaking Bad chegou a ganhar um spin-off pela Netflix (Better Call Saul), e até uma versão colombiana da série, Metástasis (2014), tamanho o sucesso da produção original.
Desta vez, com El Camino, temos a chance de descobrir o que aconteceu com Jesse Pinkman após sua fuga emocionante. Ele retorna como único protagonista, não que ele não tivesse esse papel antes, afinal de contas seu personagem dividiu muitos com nosso querido Eisenberg (Bryan Cranston). Agora passamos a acompanhar apenas sua trajetória, o longa permite que ele tenha mais tempo e mais destaque, mas é sempre importante lembrar q nem sempre maior signifique melhor.
Vince Gilligan, criador de Breaking Bad e Better Call Saul (2015), traz de volta o personagem de Aaron Paul quase como um tributo à série. A história de Jesse continua de onde parou, ele precisa continuar fugindo para tentar reconstruir o que sobrou da sua vida. Não há como escapar do seu passado, é preciso lidar com as consequências de suas escolhas, acertar as contas. Não é fácil recomeçar, ainda mais quando se é um dos criminosos mais procurados dos Estados Unidos.
O personagem teve um ótimo final na série, as incertezas sobre seu futuro após uma libertação, não só de seu cativeiro, mas do complexo, e abusivo, relacionamento que mantinha com Walter White, tornaram o desfecho do arco emocionante, e tão visceral quanto as atuações. Seu futuro estava em aberto, suas possibilidades eram muitas. Havia aquele gostinho de “e agora que acabou?”, que só aquelas séries que realmente nos cativam por tantos anos conseguem deixar.
El Camino traz uma história que muitos queriam, mas, talvez, não necessariamente precisavam. O filme mostra toda a resiliência de Jesse, em meio ao seu sofrimento e situações de extremo azar, e mesmo com todos os easter-eggs e momentos cômicos assertivos, o fruto dessa época de produção fervorosa de tantas continuações, reboots, spin-offs nos faz refletir se é mesmo necessário dar continuidade à certas histórias de forma tão exaustiva.
Um filme agridoce, apesar de nos fazer lembrar de muitos momentos marcantes da produção original, e contar com boas atuações e momentos de tensão, ainda não consegue manter ou superar o ritmo e a qualidade marcantes da série. Acaba passando uma leve sensação de que não se sustenta com tanta firmeza enquanto algo que acrescente valor à história construída em Breaking Bad. Ainda assim é uma forma de matar a saudade de alguns personagens que se foram.
Parte de mim pensa que o melhor presente para os fãs órfãos e profundos admiradores da série é deixar ela descansar em paz, respeitar seu fim, sem precisar criar explicação pra tudo, deixando que nosso imaginário preencha as lacunas e brinque com as possibilidades de caminhos que a história poderia tomar. Meu outro lado ainda cria fics e expectativas de ver os personagens de volta na telinha.