Ninguém precisa estar numa guerra para sentir o pavor, pois apenas de observar nos sentimos parte daquilo. Do diretor e roteirista Christopher Nolan (“A Origem“, “Interestelar” e a trilogia “Batman“), seremos parte de uma da batalha de Dunkirk, a qual deu título e motivo para a realização desta película. Trata-se de um misto de ação e drama, sem precisar de sangue para aterrorizar e se fazer entender. Com um elenco incrível, a Warner Bros. tem razão em investir na genialidade do diretor britânico que dessa vez focou em abordar uma das batalhas menos mencionadas do século XIX.
Quando mais de 400 mil soldados das forças aliadas ficaram ilhados numa região litorânea da França, sendo brutalmente perseguidos pelos asseclas de Hitler, seja no céu, sendo bombardeados pela Luffwafe, ou pela terra, com o exército alemão. A atmosfera da obra é de puro terror, não havendo tempo para respirar ou rir entre uma situação e outra. Nolan precisou de ajuda para dar essa realidade, e contou com o historiador especialista em guerras Joshua Levine, onde foi devidamente supervisionado e obteve nesse filme o resultado impecável e imersivo que qualquer filme do gênero deveria se espelhar.
Tão necessário foi abordar esse tema, que o filme já tem um livro explicando a sua produção de forma minuciosa, o recém-lançado “Dunkirk: A História Real por trás do Filme” completa a experiência cinematográfica de quem deseja se aprofundar mais ainda pelos bastidores, ou seja, coisa de fã aspirante a diretor. A trilha sonora possui um tom bastante discreto, nos atordoando nas horas certas. Sua fotografia realça a ideia de que fomos transportados para aquele cenário. Muito foi investido, pois os efeitos não decepcionam quem pagou para entrar nesse “simulador da 2ª Guerra Mundial“. No primeiro ato já temos a visão de Tommy (Fionn Whitehead) sendo nossos olhos aflitos, e que por ser um jovem ao lado de uma maioria de adultos, aumenta a insegurança.
Algo que faz desse filme um singular projeto é a falta de um protagonista para definir quem iremos seguir. Para que isso fosse possível, dividiram o filme em 3 núcleos, onde todos se encontram de alguma forma durante as duas horas de duração. Horas essas que passam sem perceber, já que o diretor tem essa fama de filmes compridos, mas o que salva é o entretenimento. Muitos rostos novos entre os atores, mas como todo blockbuster, precisa de atores de peso, ironicamente alguns ex-vilões. Kenneth Branagh (nosso eterno Gilderoy Lockhart de “Harry Potter“) e Tom Hardy (“A Origem” e interpretou o vilão Bane em “Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge“) o galã desperdiçado em um papel mais limitado. Não podia faltar o talentoso Cillian Murphy, ator que já trabalhou com Nolan em “Batman Begins” e “A Origem“. A surpresa maior está com a presença de Harry Styles (da banda One Direction) estreando como ator, por sorte não decepcionou em seu papel.
O roteiro é instigante, mas talvez seja o mais simples do diretor, e ainda assim sendo fantástico como é de se esperar. Se existe uma sensação ao fim desse filme, será a de gratidão. Lembrar a todos que nunca viveram uma guerra é uma das vantagens do cinema, e o exemplo de que “perder a batalha não significa perder a guerra” será a lição que extrairemos. Obras como essa nos despertam para a realidade, pois não se criam heróis na “vida real”, eles são revelados em um momento de necessidade. Christopher Nolan já trabalhou com os dois tipos de heróis, sem saber que seu papel como diretor e roteirista é merecedor desse mesmo título.