Duna | Um épico espetacular e grandioso de ficção-cientifica

Danilo de Oliveira
7 Min de Leitura
Warner Bros./Reprodução
4 Ótimo
Critica - Duna: Parte 1

Lançado em 1965 pelo escritor Frank Hebert, Duna é um das maiores e mais importantes livros da ficção-cientifica. Tida como uma obra incrivelmente difícil de se adaptar devido a sua grandiosidade e complexos temas como imperialismo, politica e religião, o livro teve inúmeras tentativas de adaptação como a conhecida produção dirigida por David Lynch que enfrentou diversos problemas e foi um grande fracasso de publico e crítica na época até uma  minissérie pouco conhecida pelo público nos anos 2000. O risco grandioso que era Duna sempre acabou sendo um receio por qualquer estúdio em Hollywood desde de então.

Vindo com uma carreira solida e tendo duas brilhantes ficção como seus últimos trabalhos Dennis Villeneuve aceitou o grande desafio de trazer uma nova adaptação do material para as telonas. Enfim Duna chegou aos cinemas e a pergunta é: Villeneuve conseguiu?

Na trama, os Atreides são apontados pelo imperador como novos administradores de Arrakis. Isso representa uma oportunidade, pois é de lá que vem a substância mais valiosa do universo, a especiaria mélange. Mas é também uma ameaça, já que os Harkonnen, antigos governantes do planeta, não abrirão mão de sua fonte de riqueza.

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Ciente do desafio, o duque Leto (Oscar Isaac), patriarca dos Atreides, pretende arrebanhar o apoio do povo local, os Fremen. Ao mesmo tempo, o jovem Paul (Timothée Chalamet), filho do duque, anda tendo sonhos premonitórios, que preocupam sua mãe, Lady Jéssica (Rebecca Ferguson), integrante das Bene Gesserit. Esse, afinal, é um indicativo de que o garoto pode ser o Kwisatz Haderach profetizado pela ordem: um messias poderoso, capaz de dominar o espaço e o tempo.

Projeto dos sonhos de Villeneuve, a obra de Frank Herbert parece que não poderia ter escolhido melhor realizador para sua nova incursão nos cinemas. Entendendo bem a complexidade da obra em mãos e como tinha que ser traduzida para os não iniciados o diretor sabiamente decide simplificar e introduzir alguns conceitos para o publico sem perder a fidelidade com seu material fonte, fazendo dessa “primeira parte” uma introdução ao universo grandioso e deslumbrante que é Duna.

O roteiro escrito pelo diretor juntamente com Jon Spaihts e Eric Roth nos situa perfeitamente aos principais eventos daquele rico universo, nos transportando para uma verdadeira ópera espacial épica e visualmente deslumbrante. A escala desse mundo não deve a nenhum Senhor dos Anéis, Game of Thrones ou Star Wars da vida, tudo é incrível: design de produção, gigantescas locações que criam uma identidade visual tão rica como as das obras que mencionei anteriormente.

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A verdade que como o longa é concebido como a primeira parte, isso pode frustar algumas pessoas, já que em suas grandiosas 2 horas e 35 minutos não é conclusivo, e mostra quão  Villeneuve quer conseguir se aprofundar mais nas temáticas complexas presentes na obra de Frank Herbert ao longo da jornada de Paul Atreides. Uma escolha ambiciosa visto que o estúdio ainda nem confirmou (por favor Warner Bros. confirme!).

Conforme a narrativa de Duna vai se encaminhando, o drama contemplativo progressivamente dá lugar para as conspirações políticas, que dominam a história ao melhor estilo GOT, e acompanhamos grandes cenas de ação em batalhas épicas com excelentes efeitos visuais.

Alias um dos grandes destaques por esse deslumbre visual que é Duna é a fotografia do Greg Frasier. Se favorecendo do tom contemplativo implementado pela narrativa e direção, Fraiser cria talvez uma das passagens visuais mais arrebatadoras dos últimos anos no cinema( isso em uma tela grande é sensacional!) e olha que o trabalho do Roger Deakins em Blade Runner 2049 (ultimo trabalho de Villeneuve inclusive) já era deslumbrante e aqui tá no mesmo nível ou até melhor!

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Outro que faz valer a experiência é Hans Zimmer e sua trilha pulsante com uma pegada tribal que deixa o longa ainda mais intimista e grandioso.

O elenco está no nível que a obra exige: Timothée Chalamet se prova como a escolha perfeita para ser o Paul Atreides, conseguindo passar as inseguranças do personagem, mas também seu destino para a grandeza conforme sua vida muda completamente com a ida para Arrakis. É brilhante como ao longo do filme sua postura e trajetos vão amadurecendo de forma gradativa. Rebecca Ferguson confere peso dramático à mulher dividida entre o amor familiar e o dever de servir à religião, e representa a grande conexão emocional entre o público e a narrativa por causa de sua relação com seu filho – principalmente o medo pelo seu futuro e o peso de suas responsabilidades. Oscar Issac passa uma nobreza incrível como o Duque Leto Atreides. Jason Momoa como Duncan Idaho e Josh Brolin como Gurney Halleck são membros importantes para a Casa Atreides e para o treinamento de Paul. Stellan Skarsgård traz um cruel líder, o Barão Vladimir Harkonnen, enquanto Dave Bautista aparece como seu sobrinho sádico Glossu Rabban. Zendaya pode acabar decepcionando um pouco os que acham que a personagem tem bastante presença por causa dos trailers, mas a sua Chani aparece pouco na trama sendo uma das personagens que deverão ter maior destaque na segunda parte, caso confirmada.

Épico e ambicioso, Duna – Parte 1 é um espetáculo bem regido e executado com técnica impecável de seu realizador Dennis Villeuneuve que entendeu bem que grandiosidade de sua adaptação merecer atingir todos os públicos, sem perder sua essência. Agora só nos resta aguardar para que a Warner confirme sua segunda parte.

 

Critica - Duna: Parte 1
Ótimo 4
Nota Cinesia 4 de 5
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