Duna: Parte 2 | Denis Villeneuve amplia a escala e entrega um épico ainda mais grandioso e espetacular

Danilo de Oliveira
9 Min de Leitura
4.5 Excelente
Crítica - Duna: Parte 2

Lançado em outubro de 2021, no momento conturbado de pandemia e com a polêmica ideia de lançamento hibrido em cinema e streaming sugerido pela Warner Bros., a primeira parte da nova releitura de Duna para as telonas, idealizada pelo diretor Denis Villeneuve se sobressaiu bem diante das adversidades e além de cativar a crítica conseguiu uma boa fanbase e ser um sucesso nas bilheterias.

Com isso nós e seu idealizador podemos agora ver a segunda parte de um dos maiores épico da ficção cientifica ser vista em sua plenitude nos cinemas com Duna: Parte 2, que traz tudo o que o anterior trazia de grandioso e amplia pra uma escala sem igual, já sendo um dos melhores filmes do ano.

A trama é uma sequência direta dos acontecimentos do primeiro filme, nos revelando o que aconteceu com Paul Atreides (Timothée Chalamet) após a tragédia familiar. Com o assassinato de Duque Leto (Oscar Isaac), o jovem prometido e sua mãe, Lady Jessica (Rebecca Ferguson), se juntam aos Fremen. Enquanto busca compreender e aceitar seu papel como o líder que foi criado para ser, Paul busca justiça contra a conspiração que matou seu pai e aprofunda a relação com Chani (Zendaya), e é auxiliado pela cega devoção de Stilgar (Javier Bardem), líder de uma tribo de Fremen localizada em Sietch Tabr, e pela onipresença amedrontadora de sua mãe e Bene Gesserit. Juntos, eles esquadrinham um plano para garantir que o retorno triunfal de Paul, dado como morto pelos supostos vitoriosos da última batalha, seja anunciado em louvor e colocando-o como o Lisan al-Gaib, o messias que levará o povo em direção ao Paraíso Verde.

Warner Bros/Reprodução

Villeneuve mais uma vez toma pra se a difícil missão de trazer uma adaptação de uma complexa obra pra as telonas sem perder sua essência e também mais palatável ao público não iniciado na obra de Frank Hebert.

O diretor amplia o escopo da maneira que o projeto deveras ter e assumindo certas liberdades criativas constrói um épico ousado e espetacular. Se a primeira parte foi uma grande introdução ao universo de Duna, a sequência de 2024 faz a roda girar com um ritmo muito mais dinâmico, reviravoltas mais impactantes e mais ação propriamente dita. O resultado é um filme que transporta seu público com força e que, enfim, nos traz irresistivelmente para dentro de seu universo.

Cada elemento visual e narrativo conflui para uma vibrante celebração da arte fílmica, seja na fotografia, na paleta de cores, na montagem, no som e, é claro, nas atuações.

Warner Bros/Reprodução

O roteiro continua”simplificando” os embates políticos da obra, o que pode deixar os fãs mais assíduos um tanto sentindo falta, mas sabiamente Villeneuve retira personagens em excessso da trama ou muda alguns eventos propriamente para ser acertivo para seu longa. O diretor assim como Peter Jackson em As Duas Torres, sabe que as mudanças são bem-vinda e consegue alcançar o objetivo de oferecer um desafio satisfatório a quem assiste – o compromisso da atenção continua sendo fundamental, mas a aventura cativante e imersiva recompensa.

Uma das principais marcas de Denis Villeneuve como diretor é a habilidade de equilibrar o todo e suas partes. Assim como em outras obras de universo amplo como Blade Runner 2049 e A Chegada, o diretor mostra que esses filmes precisam de espaço e tempo para serem apresentados e fazerem sentido. Em Duna, isso não é diferente. Ao mesmo tempo que que ele mostra a grandeza daquele mundo seja na fotografia magistral de Graig Fraiser mostrando como um todo o deserto de Arrakis ou um mundo em preto e branco dos Hakkones, ele também vai aos detalhes mínimos dos costumes dos Freeman pra nos deixar mais envolvido e imersos naquele universo, assim como mostrar a natureza mais humana como um todo.

Warner Bros/Reprodução

Algo importante de explorar aqui é como o texto fala de forma bem interessante da idéia da religião e o papel de liderança no mundo. A obra literária já trazia com uma complexidade incrível e o diretor sempre reafirmou isso em entrevistas, aqui com algumas mudanças ousadas em relação a certos personagens, principalmente a Chani de Zendaya que aqui tem muito mais tempo de tela, essas questões assim como os conflitos de Paul em seguir o papel da figura messiânica são bem postuladas aqui.

Se no primeiro filme a figura do protagonista foi projetada minuciosa e incansavelmente para se tornar uma liderança inquestionável, servindo aos interesses de outras pessoas. No segundo longa, quando ele é colocado à prova, os desdobramentos desta missão são para fazer pensar (e temer) em quem escolhemos acreditar, como isso nos divide o quais são, de fato, os verdadeiros interesses.

A Chani e o Stilgar fazem esse contraponto importante da fé e devoção. Enquanto um questiona seguir cegamente um “Escolhido” o outro acredita e o faz sem hesitar.

Warner Bros/Reprodução

Nada disso seria um esmero sem um elenco tão envolvido aqui. Timothée Chalamet mostra porque foi a escolha perfeita para o Paul Atreides. O ator confere ao personagem várias camadas, levando o público do amor ao ódio em questão de segundos, justamente por conta dessas camadas do dilema de seguir seu coração ou ser a figura messiânica que foi idealizado a ser.

Zendaya como eu disse tem mais tempo de tela dessa vez, e com ela sua personagem tem a importância de questionar essa fé por trás da figura de Paul, além de definir o seu lado guerreira. Rebecca Ferguson tem em sua Lady Jessica um destaque e imponência em tela.

Das novas caras a chegarem ao universo temos em destaque Florence Pugh como a Princesa Irulan que apesar do pouco tempo de tela tem uma presença crucial para o final do longa e o que virar a seguir e a atriz encaixa perfeitamente à personalidade enigmática da personagem – que brilha ainda mais na companhia do excepcional Christopher Walken como o Imperador Shaddam.

Warner Bros/Reprodução

Outro destaque é Austin Butler como o psicótico e cruel Feyd-Rautha, sobrinho do Barão, apesar do visual bem diferente do que Hebert idealizou a escolha do ator se mostra muito boa e com intensidade. Porém, apesar de deixar claro que o personagem é muito, muito mau, pouco vemos de fato isso de fato.

A parte técnica se mantém impressionante como antes. John Walker é preciso em sua edição e mantém o ritmo intenso. Já Hans Zimmer faz de novo um trabalho primoroso na trilha sonora, mantendo os acordes rítmicos aqui, mas também com um silêncio que combina bastante com as urgências que certas cenas exigem.

Pra finalizar, Duna: Parte 2 é maior, melhor em uma escala tão épica da maneira que a obra merece. Denis Villeneuve amplia e sobe o sarrafo aqui e entrega uma obra ousada, espetacular que já pode se considerar uma das melhores ficção científica do cinema.

Crítica - Duna: Parte 2
Excelente 4.5
Nota Cinesia 4.5 de 5
Share This Article
Leave a comment

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *