Death Stranding é diferente, ousado e inovador, mas não para todos os gostos

Emile Campos
15 Min de Leitura

Hideo Kojima é um nome icônico na industria dos games. O criador de uma das maiores franquias dos games Metal Gear, o criador apos ser despedido da Konami, não foi tirar folga do trabalho e encontrou na Sony a chance de realizar seu projeto mais ambicioso: Death Stranding

Depois do anuncio em 2015, vários trailers que só davam um nó na nossa cabeça, eis que em novembro desse ano a obra chegou e sim Kojima é um cara que sabe criar um hype e porque não trazer novos conceitos para uma industria que sempre é focada no mais do mesmo como os jogos de mundo aberto atualmente, e traz uma experiência diferente em vários sentidos, mas que já digo, não será para todos.

Sério, magnitude desse novo mundo só é equiparada ao quão bem inseridas são as simbologias que permeiam o enredo, que eu vou chegar logo, logo. É mundo do game é vasto e o horizonte parece algo a ser inalcançável. Montanhas, riachos,declives,desertos, planícies, estradas de terra ou asfalto é bastante convidativo ao jogador explorar esse mundo.

Death Stranding/Sony/Reprodução

Jogos de mundo aberto consiste na maioria das vezes em ir de ponto A a ponto B, já aqui o jogo inteiro gira em torno dessas travessias. Sam “Porter” Bridges, o homem que entrega, como é chamado, é um entregador e sua função é fazer entregas em um EUA arruinado e desconectado, e isso muda toda a dinâmica entre game, jogador, protagonista e o ato de se movimentar. Não há uma construção de uma sociedade nos seus maiores detalhes como em outros jogos do gênero,aqui como a comunicação foi perdida e as cidades estão isoladas uma das outras, o isolamento o ponto a se focar e faz todo o sentido diante que o enredo lhe propõem, o detalhe é saber se você desejar está imersivo nele.

O quero dizer com isso é que jogar tem uma experiência bastante pessoal e esperar para ser surpreendido e refletir.Mas claro que vou ressaltar, não é um game para todas as audiências justamente por sua jornada explorativa e quase que contemplativa é em muitos momentos, sendo uma mistura de Journey com os combates stealth de Metal Gear, a maior parte dele se resume em entregas, o que pode ser interessante para alguns, pode ser tediosas para outros e eu vou focar bastante nisso, caso lhe bateu a instiga de adquirir-lo por minha analise e depois querer me esquartejar por ter feito gastar dinheiro rsrsrs.

Mas voltando a dois pontos pra a jogabilidade funcionar:O primeiro é como o mundo, as mecânicas e desafios são construídos. Os locais são bem amplos com uma variedade absurda de desafios neles, como rios para atravessar, montanhas para escalar, desertos,neve e a chuva temporal que envelhece tudo que toca e pode danificar as cargas. gerenciar a carga e equipamentos que você irá carregar influencia bastante principalmente no inicio, já que equilibrar o peso e a energia de Sam é fundamental. Com o passar da cadenciada gameplay, você vai subindo de level e conseguindo novos itens que melhoraram a gerenciar isso tudo. Calcular sua rota,gerenciar seus itens e carga é fundamental para o decorrer do game e por estranhamente divertido eu me via desbravando é até compreensível que outros possam não ter a mesma experiência que eu tive. Pra melhorar e movimentar a ação existe alguns perigos no game, o primeiro são as MULA, pessoas que perderam completamente sua humanidade e abraçaram a loucura de viver roubando cargas, os Homo Demons, terroristas que só desejam destruição e o EP, que são os fantasmas que assombram o mundo do game, que geram trechos bem legais de tensão principalmente no inicio quando Sam só pode correr e se esconder deles.

Death Stranding/Sony/Reprodução

Tirando as batalhas com chefe, todos os outros podem ser evitados combate com stealth e isso com certeza é excepcional já que a escolha sempre está nas mãos do jogador qual estilo de gameplay realizar, contudo matar no game não é uma boa opção já que corpos mortos devem ser cremados se não podem gerar mais BT e causar problemas, portanto seja prudente em uso de armas não letais. Outro ponto a ser destacado aqui é que Sam por ser um “repatriado” ele pode voltar dos mortos, no entanto de você vier a morrer pelo um EP, o mundo dos vivos e dos mortos entra em colapso gerando uma obliteração no cenário deixando a área inacessível no mapa (lembra do que eu falei também de matar pessoas e deixar os corpos, isso também vale).

Explicando um pouco o enredo, o jogo se passa nos EUA, devastado depois de um evento chamado Death Stranding. Muita coisa mudou neste futuro remoto. A humanidade comprovou a existência da vida após a morte e a ciência da área prosperou, trazendo novas tecnologias e possibilidades. Ao mesmo tempo, são poucas as pessoas remanescentes depois do Death Stranding, porque o primeiro acontecimento foi apenas o início dos problemas.

O evento cataclísmico ganhou este nome, que pode ser traduzido mais ou menos como “a morte ficando ilhada”, porque interligou o mundo dos mortos e o dos vivos, trazendo consequências desastrosas para os vivos. A primeira é a chuva temporal: quando chove, a água avança o tempo das coisas, degradando construções rapidamente, fazendo pessoas envelhecerem instantaneamente, etc. Além disso, há locais que ficaram tomados por EPs, que são basicamente fantasmas, para não explicar demais. As EPs agarram humanos vivos e podem trazer elementos do outro lado para o nosso. E esses nem são os maiores problemas. Agora, quando uma pessoa morre, a sua passagem para o “outro lado” pode causar uma obliteração, uma destruição completa de uma imensa área, com o aparecimento de inúmeras EPs.

Assumimos o papel de Sam Bridges, um entregador lendário com um passado misterioso. Contra sua vontade, ele aceita a missão de viajar através de todo o território dos EUA, conectando suas principais cidades à rede quiral (que precisaria de um artigo à parte para explicar o que é). Na última cidade ele vai ter a chance de resgatar Amelie, uma figura importante em sua vida e que está presa por terroristas na costa oeste do país – e o real motivo para o herói aceitar a jornada.

Sem me aprofundar mais para manter o mistério, fica o aviso que a história não é tão complicada como os trailers fizeram parecer, mas não chega a ser simples. Há um volume bem grande de informação e é necessário estar atento para entender, e mesmo assim ficam alguns buracos aqui ou ali. Quem já jogou os games do Kojima sabe o que esperar neste sentido, mas ainda sim é algo de um nível muito cinematográfico de se contar uma história que não deve nada a grandes filmes e produções do seu gênero.

Outro grande destaque a se fazer do game é a questão de se conectar. É interessante como o termo flui entre seu sentido literal e figurado ao longo do jogo, conectando (sim) os dois lados mais importantes de Death Stranding: sua narrativa e sua mensagem.

O que mais merece elogios aqui é como essa mensagem aparece no gameplay, na verdade, não apenas na narrativa. Death Stranding deixa sua mensagem sobre conexões bem clara pela narrativa e pelos diálogos. Na verdade, clara até demais algumas vezes. Um discurso ou outro acaba saindo com cara de palestra e fica óbvio demais pro tom geral do jogo, se saindo até meio piegas.

O online é simplesmente algo a ser jus a mensagem do game.Literalmente. Jogando online, as construções de outros jogadores aparecem no seu mapa, facilitando muito sua jornada. Pode aparecer um gerador para sua moto ou um abrigo contra chuvas na hora certa. Você pode ainda contribuir pra essas construções, levando material para sua manutenção, ou fazer suas próprias, que vão ajudar você e outros jogadores. Há também autopavimentadoras colocadas pelo próprio jogo, que constroem estradas depois de receberem uma determinada quantidade de material. Todos os jogadores online podem contribuir pra isso. Além das construções, escadas, ganchos de escalada e etc. também podem ser espalhados por aí. Há ainda encomendas perdidas de jogadores que as abandonaram ou perderam, que podem ser recuperadas e levadas ao seu destino por alguns recursos extras. O jogo, no entanto, não é um MMO. Você nunca vai ver outros jogadores, apenas o que eles deixam, e também não é exatamente toda e qualquer estrutura de todos os jogadores, o game separa por servidores automaticamente.

Death Stranding/Sony/Reprodução

E é essa a experiência ideal do game. Encontrar a estrutura que você precisa, no momento em que você mais precisa, realmente dá uma sensação de gratidão e vontade de contribuir também. Realmente dá pra sentir que este é um mundo em que todos se ajudam, estranhamente até mais do quem em outros jogos onde você chega a ver os outros jogadores.

Falar em parte gráfica, não tenho que reclamar,é um jogo lindo. A sua desolação cinza tem uma beleza própria e os efeitos de animação são um grande destaque. Os cenários podem ser um pouco repetitivos, mas o mundo parece tão amplo e cheio de possibilidades que há uma sensação quase constante de deslumbramento, principalmente nas primeiras horas do jogo.

As huds do game, os efeitos de luz, de partículas e coisas do tipo ajudam na imersão e contam com um design simples e intuitivo. E isso é extremamente importante porque, num game com tanta ênfase no gerenciamento, o jogador passa um bom tempo nos menus.

Death Stranding/Sony/Reprodução

Outro aspecto igualmente indispensável é a qualidade das texturas e expressões faciais, já que outra boa parte do game se dá em conversas. E aqui temos mais um exemplo de excelência, com os modelos de personagem fazendo justiça ao peso dos grandes nomes contratados para dar vida a esses personagens. As nuances das expressões, movimentos dos cabelos, realmente dá pra “entrar” no game e apreciar suas incrivelmente longas cutscenes.

Realmente é impressionante ver do que a Decima engine(a mesma de Horizon Zero Dawn) é capaz neste jogo, visto a qualidade nas animações e a incrivel mecânica do movimento de Sam ao transporta os objetos, interação com pessoas e até o jeito que luta e se movimenta durante a ação é muito fluido e caprichada.

Death Stranding/Sony/Reprodução

O trabalho de som também não fica pra trás principalmente em sua dublagem que traz atores de renome como Norman Reedus, Lea Seadoux, Mads Mikkelsen entre outros que realizam um trabalho primoroso. A localização nacional também é ótima por sinal, fazendo você entender perfeitamente a trama e casando bem as vozes dos personagens. Na trilha sonora, temos um uso bem variado de músicas licenciadas de bandas menos conhecidas, concedidas por “cortesia” de suas gravadoras. A maioria é um tanto melancólica e carregada, o que as fazem casar perfeitamente com o tom do jogo, principalmente pelo “timing” em que são executadas, feito com maestria na maioria das vezes, soltando a música certa na hora certa.

Death Stranding é um jogo diferente e inovador que certamente vai surpreender principalmente quem costuma ignorar o cenário de jogos indie. É certamente de se elogiar ver um game tomando tantas decisões “ousadas” sendo um triplo A de seu tamanho e trazendo um pouco de novidade para este segmento tão saturado e repetitivo. Contudo ressalto que não será todos que serão atraídos pela jornada solitária de Sam Bridges.

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