Dear White People, série da Netflix, voltou com seu terceiro volume no dia 2 de Agosto trazendo um clima de novas possibilidades e humor. A temporada com 10 episódios manteve seu padrão de consistência e agilidade.
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Apesar de ter gostado, o caminho seguido me surpreendeu. Digamos que temos duas linhas: uma vertical (de aprofundamento em temas já abordados anteriormente) e uma horizontal (de abertura de novos caminhos e personagens). Nesse volume, a linha horizontal foi a que mais se expandiu, com o inclusão de novos personagens, ascensão de alguns secundários (como Brooke) e debates mais encruzilhados (como homem negro x mulher branca e a relação com as comunidades latinas).
O que eu mais me achou a atenção foi o desenvolvimento de Brooke, ela tem muito potencial de ser uma personagem principal marcante nas próximas temporadas. Ela continua chata e enxerida, mas, na minha opinião, foi uma das maiores mobilizadoras da temporada, principalmente no fim. Lionel segue sendo um dos mais marcantes da série, com suas descobertas sexuais e afetivas, senso de humor e suas relações com os colegas da Armstrong-Parker.
Infelizmente, alguns protagonistas ficaram meio apagados e serviram apenas para tocar em certos pontos de reflexão, como o Gabe e a Coco, o que não necessariamente é um problema em si. Além disso, a Ordem do X, uma importante descoberta do fim da segunda temporada, não foi tão aprofundada quanto eu achei que seria (apesar de terem informações novas nesse volume, sim)
Algo que eu admiro em Dear White People é que ela é uma série muito consistente de temáticas, de tratamento visual, de senso de humor etc. Um dos pontos é a brincadeira consigo mesma que todas as séries da Netflix têm apresentado:
– Até parece a 3ª temporada de uma série da Netflix!
Também seguindo uma tendência de temporadas anteriores, a série continua muito ligada à cultura pop do momento. A mais clara é a crítica ao feminismo branco em The Handmaid’s Tale, mas também têm seus momentos de referência o reality show Queer Eye, a bailarina afro-americana Misty Copeland e o musical Hamilton.
Se eu tivesse que apontar alguns pontos para ficar atento nessa temporada seriam:
– As tensões entre negros da diáspora e negros africanos
– Os apagamentos do feminismo branco sobre as mulheres negras
– Relações de poder entre mulheres brancas e homens negros
Apesar de eu considerar a temporada mais morna até então, Dear White People continua questionadora, visualmente bonita, engraçada e importante para a mudança do imaginários e no imaginário de pessoas negras. Vale à pena assistir, principalmente pelas possibilidades que foram abertas para as próximas temporadas.