Crítica – Zootopia: Essa Cidade é o Bicho!

Emile Campos
5 Min de Leitura

Atualmente a Disney vem mostrando em seus filmes protagonizados por mulheres à realidade contemporânea, onde as meninas já não aceitam mais ser simples donzelas. Zootopia é uma das grandes histórias voltadas ao público infanto-juvenil deste ano.Mas além de mostrar o que eu citei acima a produção trabalha vários temas socais do nosso cotidiano de forma divertida e harmoniosa como só o estúdio consegue.

Dirigidos pelos cineastas Byron Howard (Enrolados) e Rich Moore (Detona Ralph), na trama de Zootopia, conhecemos a sonhadora coelhinha Judy Hopps que sonha em ser uma grande policial e defender o planeta do mal. Quando uma série de desaparecimentos pairam sobre a cidade de Zootopia, a agora recruta da polícia Judy percorre cada espaço da cidade atrás das pistas para resolver esse grande mistério. A simpática personagem contará com a ajuda da debochada raposa Nick Wilde.

O plot segue com duas catapultas temáticas: a luta contra o preconceito – em especial de gênero, havendo forte teor feminista na obra (como ao eleger uma fêmea independente, corajosa e ambiciosa como protagonista) – e a busca pela realização dos sonhos. A abordagem como é feita isso, é simplesmente um dos maiores méritos da produção.Tudo é mostrado para estimular a reflexão do espectador ,sem apresentar verdades que devem ser absorvidas mecânica e irracionalmente, mas mandamentos de conduta reforçados por conclusões lógicas de cunho humanista. Melhor que expor é provocar a reflexão.

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Ainda que a mensagem de força feminina seja relevante, a relevância de “Zootopia” se encontra em um tema abordado de forma muito tênue até agora pelas animações norte-americanas infantis: o preconceito pela naturalidade de uma pessoa. A cidade de Zootopia é vendida como um lugar onde todos os animais podem ser o que quiserem e viverem em harmonia. Quando Judy chega até o local, ela descobre que a realidade é bem diferente e o fato dela ser a primeira coelha policial faz com que ela seja subestimada por seus companheiros (uma vez que os policiais são comumente animais de grande porte e fortes). Por outro lado, Nick precisa conviver (e até aceita isso) com o fato de que sempre será visto como uma raposa, ou seja, como um animal mentiroso e traiçoeiro.

A narrativa chega a tomar rumo diverso do inicial, flertando com o gênero policial, sem abandonar os elementos simbólicos – alguns sutis (como as portas do trem com tamanhos diferentes, evidenciando a adaptabilidade dos construtos às necessidades de cada um), outros, escancarados (como uma alusão à festejada série “Breaking Bad”). Judy, o norte moral, se une ao malandro Nick Wide (uma raposa) para desvendar um mistério que é motor da trama – é neste ponto que a narrativa efetivamente começa, todavia, prosseguindo previsível.

O filme é repleto de cenas emblemáticas: uma delas, excelente, faz uma referência clara ao clássico “O Poderoso Chefão” (dentre outros filmes homenageados); outra, simplesmente hilária, faz uma nítida e ácida crítica ao funcionalismo público por uma sátira genial. Insaciável, insinua também censuras oportunas à imprensa sensacionalista e manipuladora, bem como aos políticos corruptos e ególatras.

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Todo o trabalho técnico é feito de forma impecável e os cenários da cidade de Zootopia, que é dividida pelos ecossistemas de cada espécie de animal ou pelo tamanho de seus habitantes, são construídos de forma tão magnífica e real que são de encher os olhos. Os animais do filme acabam se encaixando de forma bastante natural nesse mundo, pois os animadores conseguem alinhar o aspecto cartunesco necessário num filme como esse, com as características naturais de cada animal, como seus pelos e estaturas.

Com sua capacidade de entreter e tocar em pontos relevantes da sociedade atual utilizando animais como símbolos sociais, “Zootopia” se torna um grande acerto da Disney que deve continuar a trazer importantes mensagens de tolerância em suas próximas produções.

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