Crítica – Whiplash – Em Busca da Perfeição

Danilo de Oliveira
4 Min de Leitura

Grande vencedor do Festival de Sundance em 2014, Whiplash – Em Busca da Perfeição é um olhar eletrizante e agressivo sobre o que é preciso para forjar um verdadeiro mestre em sua arte.Até que ponto levar as pessoas ao limite é produtivo?

O longa apresenta muitas semelhanças com Nascido Para Matar, mas ao invés de soldados, as pessoas levadas à loucura são músicos. Como resultado, o longa visceral tem ritmo alucinante e Miles Teller, que estará no próximo Quarteto Fantástico, acompanha o ritmo num papel que, demostra  porque é um dos mais promissores talentos da atualidade.

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Teller interpreta Andrew Neyman, um jovem estudante de um consagrado conservatório que sonha em ser uma lenda da música. Após ensaiar muito, ele consegue o posto de baterista substituto na banda principal da escola, comandada pelo impetuoso Terence Fletcher (J.K. Simmons).

Após ingressar no grupo, Andrew percebe que terá que lutar muito para seguir os padrões musicais do professor, prejudicando seus relacionamentos familiares e amorosos. Ele sonha em se tornar uma lenda do jazz, enquanto que Fletcher sonha em descobrir uma lenda do jazz, no que justifica seu jeito truculento e os ataques pessoais com que ele impulsiona os garotos além de suas próprias limitações.

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Embora as cenas musicais sejam excepcionais, especialmente devido à montagem perfeita entre ator e sua habilidade musical(Miles aprendeu tocar bateria especialmente para o filme), a grande força da produção é a imensa carga emocional das atuações. Simmons(que entrega aqui, provavelmente, o grande papel da sua carreira) causa medo, enquanto efetivamente encarna alguém que acredita estar ajudando esses garotos a tornarem-se lendas. Andrew enfrenta o desafio á altura, mesmo quando Fletcher coloca estudante contra estudante, os ofende e agride fisicamente. A pressão é tanta que ele continua o abuso mesmo após sangue, suor e lágrimas, literalmente, caírem sobre a bateria. Para o professor, se necessário, tudo na vida, inclusive a saúde física e mental, é descartável na busca da excelência. O ator por se entrega por inteiro se transforma no destaque e deve faturar inúmeros prêmios. Miles Teller não fica atrás e aparece como a figura mais humana da trama. Seu personagem que mal articula reações, com o tempo explode e transmite uma veracidade impressionante. Sua relação com a garota Nicole, interpretada pela linda Melissa Benoist, é deveras destruidora.

Sem facilitar para o espectador, nunca sabemos se o talento despertado nesses garotos é fruto da loucura de um homem ou algo capaz de surgir com dedicação dentro dos limites do bom senso. A pergunta que fica é: no final, o sacrifício valeu a pena? Não há respostas simples ou lições de moral, o diretor Damien Chazelle não deixa claro se Fletcher inspira seus alunos ou simplesmente utiliza sua posição para liberar seu lado negro e externar sua própria angústia. Isso é importante para o filme, o qual perderia muito de sua credibilidade se tentasse apresentar respostas definitivas.

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Sempre batendo na tecla de que as dificuldades nos impulsionam a superar limitações, Whiplash é angustiante e vai num crescendo alucinante,tem um segundo ato um tanto morno,mais se recompõe bem até a catarse final. É um filme poderoso, chocante e sufocante, de direção primorosa e trilha sonora matadora.Simplesmente imperdível!

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