Crítica – Vizinhos 2

Danilo de Oliveira
5 Min de Leitura

Em 2014, Seth Rogen, Zac Efron e Rose Byrne uniram forças na divertida comédia “Vizinhos”, de Nicholas Stoller, para fazer graça sobre as diferenças entre a vida de um jovem casal com uma filha pequena e a rotina de uma fraternidade universitária.

Se a combinação, no primeiro filme, já resultava surpreendentemente divertida, nesta sequência, a equipe vai além e, além de garantir as risadas, ainda traz um subtexto reflexivo –  sem que a característica seja acompanhada de um tom professoral (chato) ou politicamente correto. O que faz de Vizinhos 2 ainda melhor do que o primeiro.

Em Vizinhos 2, conhecemos Shelby (Chloe Grace Moretz) e suas amigas Beth (Kiersey Clemons) e Nora (Beanie Feldstein) que mostram que pode haver muita amizade e companheirismo quando as mulheres se juntam. Cansadas das festas machistas em seu campus, em que mulheres são tratadas como produto e o “boa noite Cinderela” rola solto, e das regras restritas das irmandades femininas – que não podem organizar festas, apenas frequentar as masculinas – elas decidem criar sua própria irmandade com muito mais liberdade.

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Com a ajuda de Teddy Sanders (Zac Effron), que faz jus ao estereótipo do bonitão nada inteligente, elas alugam uma casa e passam a morar ao lado de Mac (Seth Rogen) e Kelly Radner. (Rose Byrne). Acontece que os dois estão prestes a fechar um negócio para vender a casa e comprar uma nova no subúrbio, já que Kelly está novamente grávida, mas as novas vizinhas podem estragar tudo. A partir daí, os dois armam planos mirabolantes para expulsar as garotas de lá e fechar o negócio.

Desta vez escrito por Seth Rogen (e outros quatro roteiristas), que também é produtor do filme, o longa retrata de forma escrachada como o tom da comédia pede – da atual juventude norte-americana e dos desafios da paternidade jovem. Há ótimas piadas sobre a recusa em se sair da adolescência (hello, Zac!), o conflito geracional (Rogen usa da autoironia para se chamar de velho aos 34), a “culpa” inerente à educação de uma criança – em suma, uma boa dose de humor nonsense em que os atores, ótimos, riem de si mesmos.

Provando que sabem o que fazer com este material, e não apenas desejam um caça-níquel, os envolvidos acrescentam na trama assuntos como feminismo. Ele ratifica o direito das mulheres de frequentarem festas vestidas de moletom, mas não crucifica as que preferem um tubinho preto, ou seja, a produção legitima o direito das mulheres de não querem ser vistas como símbolos sexuais, ao mesmo tempo em que não condena quem assim deseja ser encarada.A cena sobre o que pode ser considerado sexismo é hilária. Uma das cenas iniciais dá importância e trata de forma mais honesta, por exemplo, um relacionamento homossexual, de uma forma que raramente vemos dentro de uma grande produção voltada a todo tipo de público.

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É claro que nada disso faria sentido não fosse a comédia um filme divertido. E Vizinhos 2 cumpre o que promete. Combinando entretenimento do bom, com uma leve dose de consciência social (não, não vai doer), até que os responsáveis acharam um bom pretexto para tirar a camisa de Zac Efron.

Há varias cenas divertidas que referenciam outras produções como na anterior e o elenco continua afiado . Há ainda uma cena ou outra que vai levar os espectadores a gargalhadas altas – destaque para  uma perseguição ao som de “Sabotage” dos Beastie Boys ou quando Jimmy (Ike Barinholtz) encarna um palhaço. No geral, Vizinhos 2 é mais engraçado que seu antecessor.

Bom , Vizinhos 2 combina um bom humor escachado com temas sociais de forma natural e bem colocada, que não diminuem em nada as gargalhadas no cinema.

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