Apostar no gênero comédia é a forma mais segura de fazer sucesso no cinema nacional. É interessante ver o elenco que está na TV, seja na novela ou num programa humorístico. O que falta? Algum tema que seja familiar para todos: desigualdade social. Em toda sua forma, gênero e grau.
Denílson (Rodrigo Sant’anna) é um morador do subúrbio e luta para sustentar sua família como vendedor ambulante. A luta diária parece ter chegado ao fim quando ele descobre ser herdeiro de seu rico pai biológico (Stepan Nercessian), esse que nunca foi presente mas quer se redimir após seu falecimento.
Com diversas apelações para piadas não tão diferentes do padrão “Zorra Total”, o filme segue tão perdido em humor que alguns podem esquecer que exista uma história a ser contada. Sant’anna encarna um Eddie Murphy ao interpretar 5 personagens ao mesmo tempo, uma família onde muitos lembrarão papéis anteriores que ele já desempenhou.
A atriz Carol Castro é o colírio para os olhos da trama, fazendo uma personagem que realmente não se encaixa na obra, uma boa atriz desperdiçada assim como as veteranas Guida Vianna e Cláudia Allencar, pois essas sim salvaram com o mínimo de esforço, uma vez que sabemos que elas podiam fazer mais.
Com uma versão genérica da Clarice Falcão e músicas que vão de “Glamurosa” a “Quadradinho de 8”, espere os maiores clichês que se pode ter de um personagem cuja vida muda num piscar de olhos, vulgo ascensão social. Embora a comédia seja um forte brasílico, este foi bem forçado e desnecessário.
E pensar que duas cabeças pensam melhor do que uma. Os diretores Roberto Santucci e Marcelo Antunez, que já trabalharam juntos em “De Pernas Pro Ar 2” e o “Até que a Sorte Nos Separe”, ao que tudo indica deixaram nas mãos de Sant’anna todo o filme para que fosse feito nele o que bem entendesse.