Crítica – Rua Cloverfield 10

Victor Fonseca
4 Min de Leitura

Há mais ou menos dois meses fomos surpreendidos com o primeiro teaser de Rua Cloverfield, 10. O título imediatamente nos remete ao filme Cloverfield – O Monstro, de 2008, também produzido por J.J Abrams. A estratégia de marketing de viralização na internet e o máximo sigilo possível sobre a trama se repete neste novo filme; mas este novo longa é bastante diferente do seu antecessor. Rua Cloverfield, 10 não é uma continuação. O próprio Abrams declarou que o filme é uma espécie de “primo distante” ou “parente de sangue” do original de 2008. A ideia seria iniciar uma série de antologia com episódios que habitem este universo.

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O filme começa com Michelle (Mary Elizabeth Winstead), uma estudante de moda, que, após uma briga, sai de casa e acaba de abandonar o noivo. A primeira cena é bastante interessante e serve para estabelecer algumas características da personagem, tida como uma mulher que costuma fugir diante de situações problemáticas. As coisas se complicam quando ela sofre um acidente na estrada e depois acorda acorrentada em um porão. Neste local, conhecemos Howard (John Goodman) e Emmett (John Gallagher Jr.), que insistem que houve um ataque (químico? nuclear? de um monstro?) e que o cativeiro é o único lugar seguro. O roteiro brinca com o conhecimento do espectador que associa os acontecimentos do filme ao que já foi visto 8 anos antes.

Falar muito sobre a trama poderia entregar várias surpresas do filme. Por isso, basta falar que o longa é um thriller psicológico que brinca com a dúvida de quem está assistindo. Quem é Howard? Seria ele um psicopata? Michelle está realmente segura dentro do bunker? O trabalho do diretor estreante, Dan Trachtenberg, é excelente. Ele cria uma atmosfera de suspense e pavor; é excepcional a forma como o diretor brinca com o senso segurança de Michelle e por consequência, o do espectador.

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O espaço claustrofóbico do bunker é muito bem utilizado no filme. O jogo de câmera e o design de produção criam uma dúbia atmosfera de opressão e acolhimento para o local. A trilha sonora de Bear McCreary ajuda a manter o clima de tensão a cada reviravolta, sendo ela em uma cena durante um jantar ou um jogo de palavras.

Em frente às câmeras, o trio de atores rouba a cena. Os momentos de interação dos três são as melhores partes do filme. É espetacular como John Goodman cria a dualidade das ações de seus personagens, alternando momentos carinhosos com explosões de loucura – muito bem justificadas no texto escrito por Josh Campbell, Matthew Stuecken e Damien Chazelle (sim, o carinha de Whiplash). Goodman entrega o tom perfeito para o público ficar na dúvida sobre sua real intenção. Com certeza, é uma das melhores performances de sua carreira.

Outra peça importante do quebra-cabeça que é Rua Cloverfield, 10 é a heroína de Mary Elizabeth Winstead. A atriz entrega uma ótima atuação, misturando fragilidade e força. A personagem, tida como covarde, tem um dos melhores desenvolvimentos durante a trama.

No final das contas, Rua Cloverfield, 10 não é de fato uma continuação , mas serve como uma história isolada que pode existir no mesmo universo cinematográfico. O filme é um suspense tenso, eletrizante, sufocante e que há tempos eu não via igual. Merece ser assistido nos cinemas e é uma pedida obrigatória para os fãs de suspense e ficção científica.

 

 

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Estudante de Jornalismo, mas formado em medicina após 14 temporadas de Grey's Anatomy. Viciado em séries e amante do cinema.
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