O drama de David Schurmann é a aposta brasileira que tentará concorrer ao Oscar de “melhor filme estrangeiro”, gerando polêmicas por sua pré-indicação, já que outros filmes foram dispensados para que este tivesse uma chance. Baseado no livro da mãe de Schurmann, Heloisa Schurmann, “Pequeno Segredo – A lição de vida de Kat para a família Schurmann”, a obra cinematográfica terá a responsabilidade de contar uma história real, onde se dividirá entre o antes e o depois de Kat, filha e irmã adotiva a quem esse filme foi dedicado.
Com a beleza do mar azul o filme começa, sendo o local onde Heloisa (Julia Lemmertz) e seu marido criaram seus 2 filhos, já que velejam pelo mundo. Paralelamente, a humilde amazonense Jeanne (Maria Flor) encontra o amor ao ser cortejada por Robert (Erroll Shand), um neozelandês que está no Brasil por diversos motivos, entre eles a tentativa de se afastar dos seus pais. Esses casais terão suas vidas entrelaçadas com a chegada de Kat (a estreante Mariana Goulart), primogenita de Jeanne e Robert.
A apresentação é instigante, ainda que seja como a maioria dos filmes nacionais, onde apelam ao forçar o espectador a seguir uma direção desejada. Nesse caso querem que você chore, seja pelo drama verídico, ou pela belíssima trilha sonora carregada de sentimentos. Com esforço, conseguem causar essa impressão nos momentos finais, onde Lemmertz se despe da personagem e parece conversar com o espectador sobre sua luta para criar Kat. Vale aplaudir o peso das personagens femininas, sejam amigas, filhas, mães e avós.
A atuação do elenco é boa de modo geral, só ficando a desejar a relação entre os casais. De um lado falta química no romance de Jeanne e Robert, do outro Heloisa parece estar sendo mãe solteira enquanto seu marido Vilfredo (Marcello Antony) fica em segundo plano. Os avós interpretados por Fionnula Flanagan (“Lost“) e Michael Wade recebem atenção demais, e ainda que tenham boas representações, tiram o foco do drama para algo que parecia uma novela costurada nos últimos minutos de filme.
É um tanto grosseiro dizer que o filme se rendeu a clichês, mas foi o que aconteceu. Não houve um destaque ou inovação para o mercado cinematográfico, nem este filme será memorável se olharmos seus acontecimentos. Só que devemos lembrar da jovem até então mencionada com frequência nessa crítica: Kat. O melhor para o final! A personagem é bem retratada e a jovem atriz obteve uma boa relação com sua mãe adotiva, onde encontramos em cada olhar ou gesto de Kat para Heloisa, uma forma de lembrar a importância de viver plenamente.
Com belas lições, uma excelente fotografia, além de reunir trechos de gravações originais, a obra encontra o fim tão esperado pelo público. Algo otimista que homenageia Heloisa e Kat Shurmann, fazendo entender que a morte é uma mera passagem que acompanha o nascimento e o crescimento de todos nós. Uma visão intimista de um filme destinado a salas de arte.