Remake do filme argentino que garantiu o Oscar de melhor filme estrangeiro (“O Segredo dos Seus Olhos”, inspirado no livro homônimo) agora numa versão norte-americana, igualmente repleta de mistérios e dramas que prendem o espectador até sua conclusão. O diretor Billy Ray mostrou talento em adaptar.
O longa se passa em dois períodos, com 13 anos de diferença. Sendo assim o ano de 2002 e os “dias atuais” (2015), em que os investigadores do FBI, Ray (Chiwetel Ejiofor) e Jess (Julia Roberts) buscam encontrar o homicida responsável pela morte da filha de Jess, tendo que contar com a ajuda da procuradora Claire (Nicole Kidman) para desarquivar o inquérito com uma nova pista.
A diferença entre os períodos será marcante pelas condições em que se encontra a personagem de Roberts, pois Jess foi consumida pela dor, e a busca desenfreada por respostas que a deixaram abatida, enquanto Claire fica mais poderosa e madura, mostrando muito mais de Kidman que não perde a graça num papel jovial, mas fica incrível num papel mais de acordo com sua idade.
Nas cenas de perseguição haverá muita adrenalina, o que está imperdível e compensa a fotografia e trilha sonora modesta. Outro ponto forte é ter motivos para torcer pelos personagens, tornando o filme mais interativo. É uma obra com um tom de realidade, mesmo assim a parte romântica é fraca demais em proporção aos demais elementos da trama.
Como todo filme policial, na investigação haverá reviravoltas que são essenciais para que todos lembrem da obra. Atuações de grandes nomes do cinema em alicerces premiados são grandes máquinas de caça-níqueis, mas nesse caso é diferente, pois existe qualidade e preocupação em fazer algo interessante.
O final é diferente do que se pode esperar, deixando algumas coisas para que a imaginação decida. Billy Ray faz algo palpável, mas com uma conclusão que não agradará os politicamente corretos… mas a vida não é justa, e a justiça não é cega.