Alejandro Gonzáles é um grande diretor e isso não podemos negar. Depois do elogiado Birdman e sua consagração como melhor diretor no Oscar de 2015, o mesmo vem nos mostrar o porquê de estar, a cada longa, mais dentro da nata dos grandes diretores de Hollywood atuais. Se em Birdman conseguimos ver uma ótima história de uma jornada de sucesso, decadência e do esquecimento de um artista,no filme O Regresso ele nos mostra uma obra forte e radical sobre um homem, sua luta pela sobrevivência e seu desejo de vingança.
O filme narra a história real de Hugh Glass (Leonardo Dicaprio), um forasteiro que atua como guia para americanos que caçam animais em uma região perigosa e pouco acolhedora dos Estados Unidos, em 1820. Após sofrer um terrível ataque de urso, Glass fica bastante ferido e acaba sendo abandonado para morrer pelos seus parceiros. Glass, no entanto, acaba sobrevivendo e luta para sobreviver com um único objetivo: Vingança.
Mesmo sabendo reconhecer a excelente, visceral e memorável atuação de Dicaprio neste longa, ele é um fio que conduz a trama abrangendo outras grandes atuações, fazendo-me destacar o ator Tom Hardy, que no longa não é apenas um vilão qualquer, mas um personagem complexo, com medos e inseguranças que marcam sua jornada e os motivos de suas ações. Will Poulter é outro ator que surpreende com uma bela atuação a cada passo do seu desenvolvimento na história.
O filme conta com paisagens belíssimas e exuberantes, e não apenas pelas tomadas dos rios, montanhas e florestas (valendo lembrar o diretor utilizou apenas luz natural em todo o filme), mas por cada cena, explorada meticulosamente com um brilhantismo sem igual. Sua beleza estética em cada frame, em cada plano sequência, é um deleite visual para o espectador, agregando bem cenas incríveis de ação e drama a uma bela dose de suspense ao nos mostrar a cultura nativo-americana nos costumes dos índios Arikara, que nos prende incansavelmente na cadeira em todos seus 156 min de duração.
A História de Hugh Glass gerou quatro livros e o último deles foi The Revenant, de Michael Punke, publicado em 2002. Não lançado ainda no Brasil(chga esse mês pela Editora Intrínseca). O roteiro de O Regresso foi feito pelo próprio Alexandre GonzálezIñárritu em parceria com Mark L Smith que é um grande especialista no gênero suspense e terror psicológico, o que deixa mais evidente o excelente trabalho composto por ambos na trama.
Os visuais são muito bem elaborados e a trilha sonora é composta pela vencedor do Oscar (pela trilha de O Último Imperador) Ryuichi Sakamoto, que nos apresenta uma trilha muito bonita, tensa e que causa impacto nas cenas de forma significativa, mas sem roubar a cena.
Os figurinos, os cenários, a fotografia a direção de arte são todos de primeira qualidade deixando o filme praticamente impecável, sendo provável que agrade a todos os públicos.
No geral, O Regresso é uma obra competente que explora a natureza humana e seus instintos de sobrevivência até a última gota da sua essência e sentimentalismo. O Oscar tem nas mãos um dos melhores filmes não apenas do ano, mas das últimas temporadas e um altíssimo candidato a melhor filme de 2016.