Baseado no livro “Quarto” de Emma Donoghue, autora que também atua como roteirista no drama aclamado por sua simplicidade, que nos devolve a inocência da infância e nos permite descobrir a existência de problemas muito maiores do que os nossos. Com 4 indicações ao Oscar e vencedor do Globo de Ouro, este está entre os melhores de 2015.
Jack (Jacob Tremblay) vive com sua mãe Joy (Brie Larson) em um quarto, onde desde que nasceu não sabe da existência de um mundo além das quatro paredes. Ao completar 5 anos, vemos Joy incrivelmente saturada por ter escondido de seu filho a real situação: Ela foi sequestrada e estuprada no decorrer de 7 anos, sendo Jack fruto dessa repugnante relação onde também está aprisionado, embora não tenha noção disso.
A atriz Brie Larson deu muito de si para fazer esse papel ter a intensidade que merece. Jacob passa magnificamente a reação que imaginamos de alguém que nunca viu o mundo por fora de uma “caixa”. Sean Bridgers é o sequestrador Nick; o único com livre acesso para o galpão onde prendeu os dois. Este soube dosar o tom de vilão, dando mais realidade ao monstro.
O filme tem uma dinâmica única, onde emociona cada um com uma história curiosa e frustrante. Facilmente dividido em duas partes: o antes e depois do quarto. Onde a fotografia se expande de maneira impressionante, já que no quarto tínhamos uma idéia mínima de vida… se é que podemos chamar de vida.
O diretor Lenny Abrahamson, assim como em “Frank”, conseguiu mais uma bela história para seu currículo e agora mais do que nunca será respeitado. A parte que poderia ser uma vantagem no drama deixou a desejar, esta é a trilha sonora de Stephen Rennicks, onde se manteve pouco original não acrescentando como deveria.
“O Quarto de Jack” é um belo filme, tendo atores competentes e embora tenha uma facilidade comercial, ele não deve ser visto como um blockbuster desnecessário para o cinema. Diferente de muitos ele não é apelativo, dando ao espectador “olhos de criança”.