Essa é o tipo de animação que pode dar uma sensação estranha enquanto você assiste, aquele tipo de sensação que te deixa com uma coceirinha no cérebro sem saber muito bem o que tanto te incomoda. E o porquê disso?
Porque se trata da história de um bebê que usa terno e fala como um adulto.
Tenho a impressão que nenhum Olha quem está falando agora da Amy Heckerling nos preparou para o que o diretor fez em O Poderoso Chefinho. E olha que Madagascar, com todo o reino animal falando a torto e a direito, é dele.
Essa crítica pode está parecendo muito séria para uma divertida animação, porém prometo que tudo vai fazer muito sentido.
Um grande problema em analisar filmes de animação, é que às vezes é muito difícil fugir do olhar crítico que diz “isso não tem sentido, é irregular, muito surreal” e esquecer que, por mais que metade da sala de cinema seja composta por jovens e adultos, o filme é sim para crianças. O grande diferencial de O Poderoso Chefinho é que ele é sobre crianças, nos apresentando o mundo que vivem pela perspectiva delas. E com um enorme toque de fantasia (ou não, vai saber).
Primeiro vemos o mundo através da imaginação de Tim, suas fantasias se tornam realidade para nós, e de inicio até confunde um pouco o telespectador, mas quando você entende tudo que está acontecendo… Aparece o bebê. Aaah esse bebê…
Ele é o maior disparate do filme, porque sim, ele aparece de terno e gravata e tudo isso é, aparentemente, muito normal para os adultos, mas não pra Tim, que ver o novo irmão como uma ameaça a sua vida perfeita com os pais. Quando o menino de 7 anos descobre que além de usar roupas de adulto, o bebê também fala como um, Tim resolve que precisa mostrar a verdade sobre o bebê para que assim os pais o devolvam e ele tenha sua vida perfeita de volta.
Por usar muito da imaginação de Tim durante o filme – são cenas realmente muito boas -, vou atiçar vocês com um nobre questionamento: será que toda história de Tim e o bebê não é algo meio As Aventuras de Pi? Eu sempre acreditei (e prefiro) na história com Richard Parker, mas a probabilidade desse ser o caso do Chefinho é praticamente inexistente.
O filme é infantil nos mais variados sentidos, mas passa a emoção de querer pertencer a uma família, de viver uma vida com conquistas não apenas matérias, mas emocionais também, comum a toda e qualquer idade
E acima de tudo: é muito muito muito fofo.
O foco do filme, além da inerente fofura, é não apenas o plano dos irmãos para restaurar o foco do amor dos adultos e com isso se livrarem um do outro, mas também se foca em como uma falsa aproximação dos irmãos vai – aos poucos, mas bem visível aos nossos olhos -, se tornando real.
Talvez eu esteja analisando demais, ou superinterpretando demais, mas O Poderoso Chefinho, que surge como “mais uma animação fofa sobre bebês”- alguns meses depois de Cegonhas, devemos ressaltar -, tem sua parcela de novidade no nicho das animações, ainda que seja sutil… Ou superanalisada demais.