Crítica – O Jogo do Dinheiro

Danilo de Oliveira
4 Min de Leitura

Depois de A Grande Aposta fazer Hollywood voltar a investir no tema do mercado financeiro,eis que Jodie Foster em seu quarto trabalho como diretora, nos traz O Jogo do Dinheiro ,que usa Wall Street como pano de fundo para nos trazer uma crítica ferrenha a industria do entretenimento.

Na trama, o carismático apresentador Lee Gates (George Clooney) é conhecido pelas performances descontraídas durante o seu programa “Money Monster”, em que analisa a bolsa de valores e recomenda os melhores investimentos para o público mais “leigo”.

Durante uma transmissão ao vivo, Lee é feito de refém por Kyle Budwell (Jack O’Connell), que investiu tudo o que tinha nas ações de uma empresa considerada “mais segura que a poupança”, entretanto perde o dinheiro. Ele exige que toda a situação vá ao ar, obrigando a produtora e diretora Patty (Julia Roberts) e sua equipe a dirigirem todos os movimentos do apresentador através do ponto eletrônico.

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Mesmo com a Wall Street como base de seu argumento, a crítica de Jogo do Dinheiro se concentra na sociedade do espetáculo, principalmente sobre o poder da mídia sobre o público, e dos ditos “formadores de opinião”, que é enorme. Não só a influência cega é prejudicial, a exploração sensacionalista da mídia em cima de determinados casos também é repreensível.

Apresentador de um programa financeiro, Gates faz o possível para chamar a atenção do espectador: dança, se veste de boxeador, possui ajudantes de palco… No fim das contas, a informação propriamente dita torna-se um anexo. Ou seja, trata-se de uma inversão de valores em relação a tudo aquilo que prega o jornalismo, algo constatado pela própria personagem de Julia Roberts, que produz  programa. Em uma sintomática conversa, ela sacramenta: “faz tempo que não fazemos jornalismo”.

Diante deste cenário em que o circo encanta e engana, o que poderia acontecer quando um dos deslumbrados, de repente, se revoltasse?Essa com certeza é um dos pontos mais interessantes do roteiro que Foster com habilidade, insere questionamentos pontuais aos esperados momentos de tensão envolvendo o apresentador e seu sequestrador. Por sua vez, a produtora interpretada por Roberts se mantém em uma linha tênue: ao mesmo tempo que deseja salvar sua equipe, vê na situação a oportunidade de alavancar a audiência – e se esforça para isto, mesmo que utilizando os equipamentos técnicos ao seu dispor para, também, influenciar em um possível salvamento.

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Outro ponto positivo é a dinâmica entre existente entre os três protagonistas. Por mais que apenas Clooney brilhe de fato, graças ao seu misto de gaiato e canastrão inconsequente, tanto Jack O’Connell quanto Julia Roberts cumprem de forma convincente suas funções na trama, mesmo que às vezes soem um tanto quanto unidimensionais. A trilha sonora composta por Dominic Lewis e a edição de Matt Chesse também merecem destaque, ajudando a construir a tensão necessária.

Porém seu terço final o filme peca ao  tirar um pouco o foco na tensão do trio e levar a uma trama de conspiração empresarial  em que surge um vilão nomeado e acaba caindo no desfecho um tanto previsível e tendencioso

Mesmo com isso O Jogo do Dinheiro é um filme que merece atenção. Trata-se de entretenimento com conteúdo, algo não muito comum na Hollywood atual. Por mais que não se aprofunde tanto quanto poderia e tenha um desfecho um tanto previsível , trata-se de um longa ficcional com um pé na realidade que pontua questões bastante oportunas em relação ao modo como o jornalismo é produzido nos dias atuais.

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