Crítica – Mr. Robot – 1º Temporada

Victor Fonseca
6 Min de Leitura

Quanto tempo do seu dia você fica conectado? Cada dia que passa, nós curtimos mais, postamos mais, seguimos mais. Selfies, fotos, mensagens, informações, dinheiro (sim, seu dinheiro também está online). Tudo isso fica guardado na rede mundial de computadores. Mas quem realmente detêm todos esses dados e informações? E se tudo isso fosse perdido em um ataque hacker? É partir dai que surge Mr. Robot.

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Todos os que me pediam uma indicação de série para assistir, eu falava: “Você precisa assistir Mr. Robot”. Acho difícil alguém assistir o episódio piloto e não se interessar pela historia. Com uma premissa não muito distante do que vivemos hoje, a série do canal americano USA Network, que a tempos não lançava uma série que conquistasse o publico e a critica nos Estados Unidos, foi renovada para a segunda temporada antes mesma da sua estreia oficial, devido repercussão do episódio piloto, que foi previamente disponibilizado em plataforma online. Olha a internet ai de novo!!!

Com uma abordagem inovadora, criticas à sociedade moderna e várias referencias a filmes, sem perder a sua originalidade, a série acompanha Elliot, um jovem programador, que tem problemas antissociais. Ele trabalha como engenheiro de segurança virtual durante o dia, e como hacker vigilante durante a noite. Uma espécie de Batman do mundo moderno. Elliot se vê numa encruzilhada quando o líder de um misterioso grupo de hacker, Mr. Robot, o recruta para destruir os dados financeiros da E Corp, apelidada de Evil Corp, corporação que ele é pago para proteger. Motivado pelas suas crenças pessoais, ele luta para resistir à chance de destruir os CEOs da multinacional que ele acredita estarem controlando – e destruindo – o mundo.

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O protagonista Raimi Malek não é muito conhecido pelo grande publico. Ele fez alguns papeis secundários em diversas produção da TV e cinema. Porém a escolha não poderia ter sido melhor. O fato de não ser um ator de rosto conhecido, ajudou bastante na incorporação e caracterização do personagem. Um rapaz com feições peculiares, que ninguém conhece e ignorados por todos.

Em todos os episódios, Mr. Robot tenta e consegue manter a tensão no ar, entregando momentos surpreendentes mesmo com desfechos previsíveis. A fluidez do roteiro encanta ao mesmo tempo que é denso, trazendo criticas acidas a sociedade e explorando até a ultima gota as emoções e frustações dos personagens. Diálogos inteligentíssimos e narrações em off, nas quais Elliot quebra a quarta parede e conversa com o telespectador, ou melhor, com seu melhor amigo. Ele tem plena consciência que estamos assistindo a vida dele, que temos opiniões sobre as suas escolhas e ações. As vezes nós servimos como um apoio silencioso, alguém com quem desabafar, melhor do que ele faria com a sua psicóloga.

A série não foca só em Elliot, mas nos seus personagens secundários. Tyrell, Darlene, Angela, Shayla e o próprio Mr. Robot têm seus arcos fechados, com histórias bem amarradas e completas. Todos eles têm um papel importante na trama e na vida de Elliot e são peças fundamentais para culminar no final revelador (ou nem tanto) da temporada.

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Não é atoa que Mr. Robot tornou-se a primeira série a receber 100% de aprovação em todos os seus 10 episódios no site Rotten Tomatoes, um dos principais sites de critica dos Estados Unidos. Todo o trabalho visual apresentado pela série é um espetáculo a parte. Fotografia e direção andam juntas em todos os episódios, desde enquadramentos, ângulos para exemplificar a superioridade ou inferioridade de um personagem em uma cena, abertura, montagem e até mixagem de som. Todo o trabalho e esmero de Sam Esmail, criador da série, e sua equipe, é possível ver em cada detalhe da historia. A exemplo da cena pós-credito, ao final da temporada, que é um belo plano sequencia.

A temporada finalizou um com episódio conciso, sem deixar pontas soltas na trama principal, mas com várias perguntas (O que aconteceu nesses três dias? Onde está Tyrell?) e um cliffhanger monstruoso(Quem estava atrás da porta?) Todas essas perguntas mostram o novo rumo da historia e, ao mesmo tempo, muda o foco da história na segunda temporada. Agora cabe a você decidir fazer parte dessa revolução ou não.

hhhhh

“Um mundo construído em fantasia. Emoções sintéticas em pílulas, guerra psicológicas em propagandas, produtos químicos em comida que alteram a mente, seminários de lavagem cerebral em mídia, bolhas de controle em forma de redes sociais.  De verdade? Quer falar sobre realidade? Não vivemos em nada que chegue perto disso desde a virada do séculos. Nós a desligamos, retiramos a bateria, comemos coisas transgênicas e jogamos os restos na lixeira da condição humana. Moramos em casas de marca registradas por empresas que foram construídas sob números bipolares que crescem e sobem em telões digitais nos hipnotizando no maior tupor já visto. Precisa cavar fundo garoto, antes de achar algo real. Vivemos em um reino de mentiras, um reino que você viveu por tempo demais.”

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Estudante de Jornalismo, mas formado em medicina após 14 temporadas de Grey's Anatomy. Viciado em séries e amante do cinema.
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